Como faz há anos, desde o massacre de Eldorado dos Carajás em 17 de abril de 1996 – no qual a Polícia Militar do Pará atacou uma manifestação de 1500 famílias Sem Terra, assassinando 21 trabalhadores rurais e deixando 69 pessoas mutiladas – o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) organiza o Abril Vermelho, com ações de protestos e ocupações. Para lembrar o massacre e levantar suas reivindicações. E este ano de 2023 não foi diferente. Aliás o MST estava entre os setores oprimidos na luta para reeleger Lula e assim poder avançar nas soluções das terríveis condições de vida que sofrem os trabalhadores rurais sem terra. A reação furiosa do agronegócio e as declarações do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, condenando a ação do MST, faz parte da “ordem natural” da luta de classe. Mas aqui, do nosso lado, dos trabalhadores, mais cuidado!
Se do nosso lado (dos trabalhadores) ninguém está obrigado a apoiar incondicionalmente as táticas do movimento popular, não pode restar dúvida, que na sua luta, para fazer valer (conquistar suas reivindicações), os setores oprimidos serão sim levados a ações que que abalam a ordem nada natural numa sociedade onde opressores exploram e oprimem os trabalhadores.
E é aí que entra o questionamento à declaração do Ministro das Relações Institucionais, o companheiro Alexandre Padilha, do PT. Publicada em vários órgãos de imprensa, entre aspas, e não desmentida, diz a declaração de Padilha:
“Eu condeno veementemente qualquer ato que danifique processos produtivos, áreas produtivas. Não é a melhor forma de lutar por qualquer coisa. Eu condeno veementemente qualquer atitude que possa atrapalhar a produção. Nós temos outros instrumentos, melhores e mais efetivos, inclusive, para as bandeiras que possam ser levantadas para a conquista desse interesse“, (Estadão, Poder 360, Globo, FSP…)
Padilha tem todo direito de questionar uma ação na Embrapa, órgão de pesquisa do governo. Ok. Mas foi mais longe. Condenou “veementemente qualquer atitude que possa atrapalhar a produção”
Ora, ora foi “atrapalhando a produção” que as greves do ABC no final dos anos 1970 e início dos anos 80, não apenas foram um fator essencial para dar fim à ditadura, como foram primordial para darmos origem ao PT.
Esta generalização da declaração condenando qualquer atitude que atrapalhe a produção é uma declaração contra as greves na cidade e no campo? Seriam condenáveis as ocupações de terras?
Tenhamos mais veemência para buscar realizar os objetivos que assumimos com a classe trabalhadora quando fundamos o nosso partido, pois são esses que nos fazem sobreviver, apesar dos ataques dos “donos” da produção, das farsas judiciais e da grande mídia, esta que aliás, recebeu muito bem, as posições de dentro do governo que criticaram as ações do MST.
Misa Boito