De acordo com o Myanmar News Now (4 de abril), “Sete policiais capturados por manifestantes antigolpe na cidade de Kalay, na região de Sagaing, foram libertados na sexta-feira em troca de nove civis detidos, segundo relatos de manifestantes locais (…). A troca de detidos entre um grupo de resistência ao golpe de Estado e as forças do regime é a primeira relatada desde que os militares de Mianmar tomaram o poder em 1º de fevereiro”.
Enquanto isso, conforme relatado pela Reuters (4 de abril), “Vários milhares de pessoas marcharam na segunda maior cidade de Mianmar, Mandalay, e outras cidades no Norte e no Sul. Uma enorme multidão, incluindo muitas mulheres com chapéus de palha, passou pela cidade central de Taze gritando palavras de ordem, como mostraram as imagens do DVB TV News”.
Também merece atenção o fato de que, de acordo com o site birmanês na Tailândia, Irrawaddy (4 de abril), “A equipe de coordenação do processo de paz (PPST) das dez organizações étnicas armadas, que se reuniu por videoconferência em 3 de abril, deu seu apoio inabalável aos funcionários em greve de Mianmar, à Carta Federal da Democracia do governo derrubado pelo golpe militar e à abolição da constituição de 2008 redigida pelo Exército (…)”.
O PPST “também exigiu do órgão dirigente do regime, o Conselho de Administração do Estado, o fim das execuções e detenções arbitrárias e a libertação de todos os dirigentes detidos. Até domingo, um total de pelo menos 557 pessoas, incluindo crianças e transeuntes, foram mortas desde o golpe por soldados e policiais em Mianmar (…). Na semana passada, as forças armadas lançaram ataques aéreos contra civis no distrito de Papun, no estado de Karen, que está sob o controle da União Nacional Karen (KNU), membro do PPST, deslocando mais de 12 mil civis, muitos deles procurando refúgio na Tailândia”.
No entanto, “Com o apoio do PPST, surgiram temores de que novos conflitos armados possam eclodir em outros lugares. Mianmar viu mais de sete décadas de guerra civil entre os militares e vários exércitos étnicos. O PPST declarou em fevereiro que não manteria negociações políticas com o regime enquanto o governo civil estivesse detido (…). O porta-voz do PPST, Dr. Salai Lian Hmong Sakhong, disse: ‘A questão de saber se os confrontos vão estourar depende da resposta do Conselho Administrativo do Estado do regime. De nossa parte, não queremos a guerra, e sim a paz. Com suas ações, o Conselho está zombando de nosso processo de paz’.”
Nessas condições, o levante popular contra o golpe militar de 1º de fevereiro não enfraqueceu, apesar da repressão.
Albert Tarp
Publicado no jornal francês Informations Ouvrières
Tradução Adaias Muniz
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