“Enorme” é o título do artigo de Pierre Valdemienne que encabeça o suplemento do jornal “Informações Operárias” do POI francês de 20 de janeiro, que reporta as manifestações e greves convocadas pelas centrais sindicais contra o projeto de reforma da Previdência do governo Macron e anuncia a chegada a Paris da “Marcha por nossas aposentadorias”, chamada pela França Insubmissa para 21 de janeiro. Abaixo seus trechos principais:
“No governo alguns esperavam que a rejeição maciça da reforma das aposentadorias constatada em todas as pesquisas de opinião não seria traduzida nas ruas. Esperança frustrada nessa quinta-feira pela greve de 19 de janeiro convocada por todas as organizações sindicais.
Com mais de 200 concentrações, praças lotadas de gente em todas as cidades da França, participação maciça e compacta – histórica mesmo – nas colunas sindicais, a greve de 19 de janeiro foi maior que a de 5 de dezembro de 2019. Em toda a França, mais de 2 milhões de manifestantes saíram às ruas, 400 mil em Paris, 140 mil em Marselha…
Os índices de grevistas também foram importantes: de 65% a 75% na maioria das centrais nucleares, 66% na Enedis (eletricidade), 73% na produção hidráulica, 80% dos condutores na SNCF (ferrovias), 75% de grevistas na Educação nacional em todos os níveis. Nas refinarias entre 70% a 100% a nível nacional.
Em menos de 10 dias, respondendo ao chamado das confederações sindicais, o povo trabalhador em seu conjunto exprimiu nas ruas sua firme rejeição a trabalhar mais tempo e ver suas aposentadorias diminuírem, num contexto de explosão dos preços: assalariados do setor público, mas também do privado, como na Airbus de Toulouse onde 5 mil foram à greve, assim como aqueles que viveram sua primeira grande mobilização, aposentados, artesãos, profissionais liberais, sem contar a juventude, os secundaristas que foram numerosos nas passeatas. Até policiais, que também são atingidos pelo projeto do governo, juntaram-se aos manifestantes.
Em debate: ação eficaz para dobrar o governo
Nas assembleias e reuniões sindicais, nas reflexões dos militantes e mais amplamente entre os sindicalizados e assalariados, a questão em debate é a da ação eficaz para dobrar o governo. A questão de bloquear o país está no coração dos posicionamentos, entre os que opõem a realização de um referendo e aqueles, cada vez mais numerosos, que defendem parar tudo.
Macron, que estava em Barcelona, foi perguntado por uma jornalista sobre as manifestações na França contra a sua “reforma”. Apoiando-se numa pseudo ‘legitimidade’ que ninguém lhe reconhece fora os círculos do capital financeiro, ele afirmou que está determinado a fazer a “reforma”. O que reforça a determinação dos trabalhadores de derrotá-la.
Nessa situação, o melhor seria que a senhora Borne (primeira-ministra, NdT), o senhor Macron e outros levem em conta a realidade e dêem satisfação ao povo. Do contrário assumirão a responsabilidade de que o choque os obrigue a fazê-lo. As instituições quase mafiosas da 5ª República podem não ser suficientes. A continuar negando a realidade, eles empurram a que se imponha o “vão embora”, e não apenas na questão das aposentadorias. Sobretudo porque desta vez, apesar dos estados de ânimo e as tentações de uns e outros, transmitidos de forma complacente pela mídia, a força política está aí, tanto na Assembleia Nacional, como se afirmando em 21 de janeiro.”