A reforma do Ensino Médio, aprovada em 2017, começou a ser implementada esse ano. Apoiada por empresários e fundações como a “Lemann” e “Todos Pela Educação”, o argumento dos defensores da reforma é de que ela teria um currículo inovador, atraente e que prioriza as experiências, substituindo o “velho” currículo cheio de disciplinas.
A contrarreforma, na verdade, cria desigualdades e chuta a ciência para fora da escola. Reduz disciplinas obrigatórias como Matemática e Língua Portuguesa, além de esmagar outras disciplinas em duas grandes áreas: “ciências da natureza” e “ciências humanas”.
O currículo possui uma parte “flexível” que permite cumprir horas fora da escola, por meio de certificados de qualidade duvidosa e experiências de trabalho, gerando mão-de-obra de baixo custo e trabalho precarizado.
Escola integral sem verbas
A proposta aumenta a jornada escolar de 800 para 1400 horas anuais, implementando um ensino integral. O ensino integral não é incorreto, porém, sem ampliação das verbas, somada à falta de professores e de estrutura, transformará as escolas em depósito de gente.
O governo genocida de Bolsonaro inicia o ano cortando cerca de R$ 736 milhões do orçamento da educação, o que atinge principalmente o programa de desenvolvimento e apoio à infraestrutura da educação básica. A escola integral da contrarreforma obriga milhares de adolescentes a permanecerem o dia todo em escolas sem alimentação de qualidade, com falta de professores e banheiros mal equipados.
Escola é lugar de conhecimento!
Com ideias baseadas na “Conferência Mundial sobre Educação para Todos”, da ONU, realizada em 1990, o modelo da reforma pretende ensinar os jovens a serem “mais espertos”. O trabalho precarizado se torna mais importante do que aprender as disciplinas. Constitui-se como um obstáculo para o acesso ao conhecimento e à ciência, nega à juventude o direito de se apropriar dos conhecimentos historicamente acumulados pela humanidade, reduzindo a educação às formações instrumentais.
Revogar esse retrocesso
Em cada escola, em cada cidade e estado e, principalmente, em nível nacional, deve-se ampliar o debate e ações que impeçam esse retrocesso. É o combate que se associa à exigência para revogar essa contrarreforma, sem dúvida, uma pauta necessária para o programa da candidatura de Lula. É o que propõe o movimento “A escola é nossa” na preparação do Congresso da Ubes. Está na ordem do dia da luta estudantil exigir dos governantes o ensino presencial de qualidade. A luta não vai parar.
Kris