Como diz a resolução da CUT , negociações com patrões, governos e legislativos devem ser buscadas pelas organizações sindicais, visando a defesa dos interesses dos trabalhadores contra a ganância do capital.
O que é muito diferente de promover “câmaras”, “fóruns” ou “mesas” de “gestão da crise”, assumindo responsabilidades que são do Estado e dos governos, que devem ser cobrados pelos sindicatos.
Ricardo Patah, presidente da UGT, chegou a falar em “pacto social” numa reunião virtual das centrais sindicais com Rodrigo Maia. Não espantaria se dirigentes da Força Sindical fizessem o mesmo. Afinal, em tempos de crise ao longo da história, pelegos sempre quiseram ser “ministros sem pasta” de governos que pedem sacrifícios aos trabalhadores para preservar o “mercado”.
Já Sérgio Nobre, presidente da CUT, informou que, em 29 de março, os presidentes das centrais reuniram-se com a CNI (patronal da Indústria). Segundo ele, a CNI vai orientar as empresas que representa a nada decidir sobre empregos sem antes negociar com os sindicatos, pois haveria um “consenso” em mantê-los e também com a “política de isolamento num momento de pico da contaminação” (site da CUT).
Na reunião virtual da executiva nacional da CUT de 30 de março, Nobre disse ainda que a “retomada da produção” seria também negociada, por orientação da CNI, com os sindicatos de trabalhadores.
Nenhuma demissão!
Sim, negociar com os sindicatos é fundamental, mas, por si só, não é garantia de que não haverá demissões, que, aliás, já ocorrem. Logo, a exigência central é nenhuma demissão, garantia do salário integral e dos direitos trabalhistas.
Se a CNI se diz a favor do “isolamento”, é o caso de perguntar quais foram as indústrias que suspenderam suas atividades? Sabemos que montadoras fecharam por pressão dos sindicatos de metalúrgicos da CNM-CUT.
E nas indústrias consideradas “essenciais” – alimentos, medicamentos etc – quais são as medidas adotadas pelos empresários para proteger os trabalhadores?
Como observou Lula numa discussão com dirigentes da CUT, trata-se da mesma CNI que ditou os termos da MP 927 do governo Bolsonaro, que ataca salários e direitos para preservar os patrões em meio à atual crise. Por isso, olho vivo com eles!
Julio Turra