“Nova agenda”?

A direção do PT abre o ano falando em “olhar para frente”, em “nova agenda”. O líder do PT na Câmara, José Guimarães diz que “até as pessoas afetadas pela decisão do STF, deverão estar dentro dessa agenda”.

Olhar para frente e esquecer a ofensiva contra o PT, através do Supremo Tribunal Federal (STF), que marcou o segundo semestre de 2012 e que continua?

O fato do presidente do STF negar o pedido – apresentado à véspera do natal com o plenário do STF já em recesso – de Roberto Gurgel de prisão imediata dos condenados na Ação Penal 470, entre eles dois ex-presidentes do PT, não quer dizer que o principal ator nesse julgamento de exceção, o ministro Joaquim Barbosa, mudou de script.

O ano começou dando continuidade à reação da militância petista iniciada em novembro de 2012, com atos em Defesa do PT e dos Direitos Democráticos. Novos atos estão previstos para janeiro.

Em 2005, quando Roberto Jeferson, do PTB, partido que era e continua sendo aliado do PT no governo federal, fez a denúncia do “mensalão”, que não foi provado por nenhum documento ou outro depoimento, nós de O Trabalho dissemos que não era uma questão individual ou ética.

A política da direção do partido, como as alianças com partidos opostos aos interesses do povo trabalhador, é que abria a brecha.

Tais alianças conduzem o PT à adaptar-se às instituições que aí estão, sem fazer as reformas necessárias ao país, como a reforma agrária. Instituições como o STF, que condena com pressa e sem provas dirigentes do PT, mas que há 14 anos não julga o questionamento, feito pelo PT, da lei das Organizações Sociais do governo Fernando Henrique Cardoso, que privatiza os serviços públicos.

Agora volta a se falar em reforma política. Quem pode crer que o Senado e Câmara, prestes a serem presididos por Renan Calheiros e Henrique Alves, do PMDB, farão uma reforma que ataque os privilégios e interesses que eles encarnam? Para dotar o país de novas instituições, a palavra deve ser devolvida ao povo, através de uma Assembléia Nacional Constituinte, livre e soberana.

Mas, até para que tal discussão possa avançar, a tarefa da hora é a defesa do PT e dos direitos democráticos ameaçados.

Num ano que começa com a eminência de dois ex-presidentes do partido serem presos, condenados por um julgamento de exceção, com o PSDB se agitando e se organizando para retomar as posições perdidas, com os capitalistas, apesar de todas as concessões do governo Dilma, como mais privatizações e desonerações, bradando “não basta”, a direção quer fazer crer que o que se passou em 2012 é “pauta do passado”?!

Nós da Corrente O Trabalho, com os companheiros do Diálogo Petista, e todos os petistas que estejam dispostos, afirmamos que é preciso, por ocasião dos 33 anos do PT comemorados em fevereiro, defender o partido e suas bandeiras, ligadas aos interesses dos trabalhadores.

Com atos, debates, manifestações, avançar na construção de um movimento que barre a ofensiva que não é pauta do passado para os inimigos dos trabalhadores e suas organizações.

A atual ofensiva contra o PT vai continuar em 2013. Se não houver reação, ela vai se estender às organizações dos trabalhadores e do povo.

É isso que corresponde às necessidades do imperialismo em crise para impor suas medidas.

As instituições que aí estão, estão para servir ao imperialismo. Unidade em defesa do PT e dos direitos democráticos!

Editorial da edição nº 723 do Jornal O Trabalho

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