O combate à desigualdade

Neste início de 2024 veio a público um relatório global sobre as desigualdades da ONG Oxfam. Segundo ele, a renda dos cinco homens mais ricos do mundo aumentou 114% desde 2020 e as 148 maiores empresas do planeta lucraram 1,8 trilhão de dólares, 52% a mais do que a média dos últimos três anos, enquanto milhões de pessoas tiveram cortes nos salários e outras tantas vivem na miséria.

No Brasil, a pessoa mais rica possui, sozinha, uma fortuna equivalente a toda a renda da metade mais pobre da população (107 milhões de pessoas). A parcela 1% mais rica tem 60% dos ativos financeiros do país. De acordo com a FGV, a renda das 15 mil pessoas mais ricas do Brasil cresceu três vezes mais que o resto da população desde 2020 e para os 154 mil mais ricos (0,1%), o ganho médio mensal passou de R$236 mil para 441 mil (!).

Essas cifras da desigualdade no mundo não são “obra de Deus” ou um fenômeno da natureza. Elas são o resultado do sistema capitalista mundial, com seu cortejo de guerras, como na Ucrânia e o genocídio do povo palestino, destruição de empregos, direitos sociais e da própria natureza, provocadas pela sede do lucro.

Na vizinha Argentina, Milei editou um “pacote” para destruir qualquer proteção social dos que vivem de salário e dos mais pobres, para maximizar os lucros privados. Contra tal selvageria uma greve geral se prepara para 24 de janeiro. Já no Equador, depois de anos de desmanche do Estado e dos serviços públicos, máfias de bandidos infiltrados nas instituições promovem o caos (veja página 12). Essa é a cara do sistema em países que, como o Brasil, sofrem a dominação imperialista.

Claro está que em um ano de governo Lula não se poderia reverter toda a destruição de direitos e da nação deixada pelos governos anteriores, nem acabar com a desigualdade que continua uma chaga aberta em nosso país. Mas, até agora, não há sinais de revogação das “reformas” de Temer e Bolsonaro que nos roubaram direitos, de reversão do desmanche dos serviços públicos e das privatizações nocivas à soberania nacional.

O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou, sobre a MP editada pelo governo que limita a um salário-mínimo por trabalhador a desoneração fiscal de empresas, depois que o veto a desoneração para 17 setores foi derrubado pelo Congresso (veja na página 7): “Na visão do governo, o tema da desoneração está errado, e é preciso correção de rumos”. Sim, uma correção de rumos é necessária, pois os empresários deixam de pagar o devido ao INSS (20% sobre a folha), sem criar empregos e nem respeitar direitos. Uma “mamata” que só privilegia o “andar de cima”. Mas, já se especula que Haddad negocia com Pacheco e Lira, chefes de um Congresso a serviço do grande capital, medidas mais brandas de reoneração.

Sim, seria preciso “corrigir rumos”, para sustentar inclusive os programas sociais e a valorização do salário mínimo, e começar a reverter a obscena desigualdade social do Brasil. Mas, não será com a lógica de “toma lá, dá cá” com o “centrão” que será possível avançar.

Um ano depois da posse de Lula e da intentona golpista de 8 de janeiro, cujos “peixes grandes” continuam impunes, seguem a tutela militar e o ativismo do Judiciário sob o disfarce de uma “democracia inabalada”.

Somente a luta do povo pode “corrigir rumos”. No ano que se inicia, preparemos as mobilizações que passarão pelo 8 de março, das mulheres trabalhadoras, pelos atos sobre os 60 anos do golpe militar de 1º de abril de 1964, pelas manifestações de 1º de Maio e a preparação da Marcha a Brasília, decidida no congresso da CUT, pela revogação da reforma trabalhista e em defesa dos direitos.

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