O memorial da Verdade e a perseguição jurídica a Lula e ao PT

O livro “Memorial da Verdade” que a direção do PT lança, ajuda a resgatar Lula e o partido da perseguição. Documentado, ele refuta as acusações, uma por uma, desmonta cumplicidades no judiciário, na mídia e com políticos inescrupulosos. Em cerca de 70 páginas, ele resume o efeito da deliberada quebra de empresas nacionais que reduziram ramos inteiros – na construção civil, naval, óleo e gás -, gerando grande desemprego e favorecendo as multinacionais.

Mas agora, depois de Lula, após 580 dias de prisão, ter derrubado através dos seus advogados 15 processos – faltam outros dois –, o que é uma vitória da luta popular em atos, caravanas e da vigília, restam ainda vários processos contra lideranças do partido.

A perseguição pelo sistema de justiça veio crescendo desde o primeiro governo Lula, em 2005 com a Ação Penal 470 (dito “mensalão”) no Supremo Tribunal Federal (STF), até o auge da Operação Lava-Jato com a prisão e interdição da candidatura presidencial em 2018 (caso “triplex do Guarujá”).

O PT não reagiu à altura de início, dirigentes foram sancionados ou abandonados. Na direção, apenas 1 ou 2 votos nas primeiras oportunidades – o meu entre eles -, recusaram as sanções ao tesoureiro Delúbio Soares, por exemplo. A política de “redução de danos”, como se fosse possível “virar a página”, se esquivava para conciliar com a elite. Mas ela acumulava força para derrubar e interditar o PT.

Cínico, o patronato aproveitou a estabilidade dos negócios enquanto operou, na verdade, o financiamento privado das campanhas eleitorais, legalmente. Mas de modo a poder criminalizar quem quisesse – e quis criminalizar o PT, hoje se sabe que com a ajuda do Departamento de Justiça dos EUA! – através das instituições de Estado corrompidas, as quais o PT não reformou.

Pizzolato nas mãos de Barroso
Um documentário é produzido pelo premiado diretor Sylvio Tendler sobre o caso de Henrique Pizzolato. Sindicalista bancário, que trabalhou nas finanças da campanha de Lula em 2002 quando Delúbio era tesoureiro do PT, Pizzolato foi nomeado diretor de Marketing do Banco do Brasil em 2003. Ambos foram abatidos pela AP 470 para marcar o PT pelo selo da “corrupção” na longa sequência de sentenças de prisão contra tesoureiros, presidentes e parlamentares.

Henrique, mesmo sem prerrogativa de foro foi denunciado ao STF em 2005, e condenado em 2013, apesar do laudo da PF demonstrar a falsidade da acusação principal. Os recursos “desviados para o mensalão”, não eram públicos do BB, eram privados da empresa Visanet, e não era Pizzolato quem os gerenciava.

Em 2014, Henrique se refugiou na Itália com a dupla nacionalidade que tinha. Mas em 2015 foi extraditado e aprisionado no Brasil. Em liberdade condicional desde 2017, foi indultado em dezembro do ano passado. Resta até hoje uma impagável multa de 600 milhões. O ministro do STF responsável, Luís Roberto Barroso, em acordo com o Procurador Geral da República, Aras, usa esse pretexto contra o alvará de extinção de punibilidade, e a PF mantém a restrição a sua livre locomoção. Barroso há um ano não responde a cobrança do ministro da Justiça da Itália de respeito do protocolo da extradição.

Barroso mantém Pizzolato numa prisão perpétua por dívida, o que não existe no Brasil. Barroso reclama que as mentiras de Bolsonaro mil vezes repetidas não são verdade. Certo, nem as mentiras do STF!

A verdade, toda a verdade, é o que Lula, Pizzolato e o povo brasileiro merecem. Para isso é preciso reformar o Estado de cabo a rabo.

Markus Sokol

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