“Sistema entrou em colapso e trabalhadores estão pagando conta com a própria vida” afirma sindicalista do Amazonas

A situação no Amazonas é de colapso. É o que mostram os número em matéria publicada no Estadão (confira no link). Walter Mattos, dirigente do sindicato dos servidores públicos federais do Amazonas escreveu um relato da situação que publicamos abaixo:

O Covid – 19 e o preço da vida dos trabalhadores

Estamos passando por situação gravíssima no Amazonas em decorrência dos efeitos da pandemia da COVID-19 sobre a classe trabalhadora. De acordo com notícia do Prefeito Arthur Neto (PSDB) na mídia televisiva local, no último domingo houveram 129 sepultamentos só em Manaus, posteriormente, disse que está havendo uma média de 80 óbitos por dia, além das subnotificações, que configuram a negação oficial dos casos de morte por COVID 19 no Estado. Por outro lado, dia 20 de abril, 13 deputados estaduais votaram pela intervenção do governo federal na saúde do Amazonas, incluindo PSB, PDT e PT.

A saúde no estado já estava falida em função das sucessivas políticas de sucateamento dos governos no setor, desde a “abertura política” com Gilberto Mestrinho, Amazonino Mendes, Alfredo Nascimento, Eduardo Braga, Omar Aziz, José Melo, e o atual governador bolsonarista, Wilson Lima.

No governo Melo, aconteceu a operação “Maus Caminhos” da Polícia Federal, que pôs na cadeia alguns corruptos acusados de desviar 100 milhões da saúde do estado. Lima compartilhou a política de Mandetta, ex ministro da saúde, coadjuvante da retirada de verbas da saúde. Soma-se ao desmanche do setor o completo abandono do SUS, impactado pela Emenda Constitucional 95, que retirou 22 bilhões dele e culminou com um estado de barbárie nesta pandemia.

O sistema entrou em colapso e os trabalhadores estão pagando a conta com a própria vida, além do que existem várias denúncias dos servidores referente a falta de condições no trabalho, como, por exemplo, a falta de EPI’s, entre outros aspectos.

Na categoria de agentes de endemias, até o final de semana, morreram 06 pessoas, dentre os quais, dois eram dirigentes do Sindagentes, Glauber  Cavalcante e Aldevan Elias, conhecido como Aldevan Baniwa, por conta de sua identidade indígena.

Na base do SINDSEP, temos 06 servidores infectados com COVID-19 em tratamento de isolamento domiciliar, um diretor internado, Jackson Rodrigues, e outro diretor que já recebeu alta, Edson Fogaça.

O SINDSEP solicitou ao prefeito de Manaus, ao governo do estado, e a todos os parlamentares federais do Amazonas, que tirassem os trabalhadores da linha de frente da pandemia por falta de condições de trabalho, em especial os que configuram grupos de risco. A solicitação foi parcialmente atendida. Ainda peticionamos Mandato de Segurança no Ministério Público Federal, por políticas de defesa da vida da categoria.

A diretoria do SINDSEP está quase toda na condição de isolamento social, interagindo com a base e a sociedade por meios virtuais em casa, com exceção dos diretores do INPA e INCRA que continuam no seu espaço de trabalho. A conjuntura requer o enfrentamento ao COVID-19 e a criação de novas estratégias de interação. A luta por garantia da vida além de dever constitucional, é um dever ético para com a humanidade.

Na luta por garantia de salários, empregos e pelo fim do governo Bolsonaro já!

22/04/2020, Walter Matos de Moraes, Sindsep-AM”

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