A crise sanitária escancarou a realidade da barbárie capitalista. Ao expor a decadência do sistema, agudizou as mazelas dos seus setores mais oprimidos.
Em 26/03 a CUT afirmou que “O impacto social do novo coronavírus está atingindo fortemente as mulheres”. De fato, elas são as mais vulneráveis em diversos aspectos.
Dados da ONU Mulheres revelam, por exemplo, que 70% das pessoas que trabalham no setor social e de saúde são mulheres: são elas que estão no “front” do combate a pandemia, submetidas aos riscos e sem acesso aos EPIs necessários para combater a doença.
Na economia, as mulheres são a maioria no mercado informal, brutalmente atingidas pelas medidas de isolamento.
Pesquisa publicada pela Folha de São Paulo (13/04), realizada com mães em favelas de todo país, mostrou que 9 em cada 10 mulheres mudaram suas rotinas devido à Covid-19: “a maioria relatou que os gastos aumentaram quando as crianças passaram a não ir mais para a escola, o que também dificulta a saída da mãe para trabalhar”. Segundo o estudo, 37% dessas mulheres são autônomas e só 15% tem carteira assinada. Por causa da pandemia, 84% já tiveram a renda diminuída e 72% afirmaram que a alimentação da família já está ou ficará prejudicada.
Violência doméstica
Sem garantias trabalhistas, amplamente responsáveis pelos trabalhos domésticos e pelos cuidados e educação das crianças que estão em casa, a situação de quarentena exacerbou os já alarmante dados de violência doméstica.
Em um mês, houve o aumento de 30% dos casos de violência contra a mulher em São Paulo (dados MPSP). Já o aplicativo Direitos Humanos BR, utilizado para receber chamadas de denúncia de violência doméstica, registrou (Jornal Olhar Digital) um aumento de 9% das chamadas na segunda quinzena de março, período em que se intensificou a quarentena.
Este quadro só revela quão vitais são as medidas de proteção à mulher, através da manutenção Assistência Psicossocial e Orientação Jurídica (Casas de Mulheres, Delegacias e Centros de Referência).
Os ataques do governo Bolsonaro, anteriores a pandemia, como as contrarreformas da previdência e trabalhista, que atingem mais duramente as mulheres e o abandono de uma política mínima de combate à violência contra mulher, agora mostram sua gravidade.
Se é urgente recuperar medidas de proteção à mulher, a questão é, com este governo não é possível!
Maira Gentil