Pela restituição dos direitos políticos de Lula

A revelação de mais conversas entre integrantes da Lava Jato amplia as evidências de que a operação era na verdade um esquema montado para condenar Lula e criminalizar o PT. As transcrições divulgadas recentemente – parte de um material bem mais amplo do que o entregue antes para jornalistas – escancaram como o ex-juiz Sergio Moro orientava de forma ilegal o procurador Deltan Dallagnol e seus comparsas na perseguição a Lula.

A participação internacional por fora dos canais oficiais está documentada. No fim de 2015, Moro e Dallagnol falavam de visitas de procuradores suíços que deveriam ficar em sigilo. Em setembro de 2016, um dos procuradores, Orlando Martello, refere-se ao então procurador suíço Stefan Lenz ao escrever: “Pessoal, passei a lista com os nomes dos possíveis nomes para acordo para Stefan (in off)”. In off? Se fosse algo legal, estaria documentado formalmente.

O próprio Martello havia escrito a um dirigente do Departamento de Justiça (DoJ) dos EUA sobre como contornar a proibição de participação de agentes estadunidenses em interrogatórios feitos no Brasil. Fica demonstrado que o trabalho com EUA, Suíça e Mônaco seguia a mesma lógica. Os estrangeiros investigavam algo e, se encontrassem alguma evidência que pudesse ajudar na condenação de Lula, essa informação era solicitada oficialmente.

Confissão de crimes
A “equipe de Moro”, como eles mesmos se denominavam, era um grupo que utilizava suas posições no aparelho de Estado com objetivos políticos. Moro (o juiz) perguntava aos procuradores (a acusação) se a denúncia era “sólida o suficiente” e recebia antecipadamente a argumentação a ser apresentada. Orientava sobre como agir e exigia satisfação sobre os recursos a serem apresentados.

Em março de 2016, o procurador Antônio Carlos Welter alertou para a necessidade de uma avaliação sobre quando apresentar a denúncia contra Lula, “para não fazer um mártir”. E acrescentou que “hoje, depois de muito tempo, o PT levou 200.000 pessoas na av. Paulista”. A procuradora Carolina Rezende, no melhor estilo miliciano, dizia que era preciso “atingir Lula na cabeça (prioridade número 1)”.

Há também a confissão de crimes. Dallagnol escreveu, em janeiro de 2016, que uma delegada, identificada como Erika, “entendeu que era pedido nosso e lavrou termo de depoimento como se tivesse ouvido o cara, com escrivão e tudo, quando não ouviu nada”. A policial fraudou um depoimento, e os procuradores a acobertaram.

Todas as evidências comprovam que os processos precisam ser anulados e Lula deve ter seus direitos políticos restituídos.

Cláudio Soares

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