Por um 1º de Maio sem golpistas e inimigos dos trabalhadores

Ato virtual unitário de seis centrais é questionado no interior da CUT

Foi preciso duas reuniões da executiva nacional da CUT, em 14 e 19 de abril, para que uma maioria de dirigentes aprovasse o “formato” do 1º de Maio virtual que o presidente da central, Sérgio Nobre, havia acordado com outras cinco centrais (UGT, Força Sindical, CTB, Nova Central e CSB).

Em 14 de abril, a executiva foi informada pelo seu presidente sobre os eixos e convidados para o ato nacional de 1º de Maio. Nobre disse que seria um ato “em defesa da vida, do emprego e da democracia”, ampliado a todos que são contra Bolsonaro (apesar de não ter “Fora Bolsonaro” no cartaz oficial), daí o convite feito pelas centrais a FHC, Rodrigo Maia, Ciro Gomes, Marina Silva, além de Lula, Dilma e outros. Dória (SP) e Leite (RS), governadores, estavam previstos, mas “poderia haver ajustes”, disse Sérgio Nobre, “desde que não seja um grupo de amigos”.

Em sua fala, João Batista Gomes, respondeu: “Muito menos um grupo de inimigos, como Rodrigo Maia, que bancou a reforma trabalhista de Temer e a da Previdência, além sentar em cima de 60 pedidos de impeachment do Bozo; o que dizer do FHC, que privatizou tudo o que pode em seu governo e reprimiu a greve dos petroleiros, ou outros que votam ou aplicam medidas contra a classe trabalhadora no Congresso e governos estaduais?”.

Dirigentes de todas as forças presentes na instância falaram contra a presença de inimigos da classe trabalhadora no 1º de Maio e criticaram seus eixos genéricos. Já a Articulação Sindical (ArtSind), maioria na executiva, propôs nova reunião no dia 19, pois não havia chegado a um acordo interno sobre a questão.

Quem dirige a CUT?
Em 19 de abril, sem a presença do presidente da CUT, dirigentes ligados à ArtSind informaram mudanças no formato: os governadores não seriam mais convidados, haveria um vídeo da entrega da plataforma das centrais aos presidentes da Câmara e do Senado, mantendo-se a presença de FHC, Maia e outros indicados pelas centrais, além de Lula e Dilma.

A pergunta imediata foi: que plataforma é essa que será entregue? Dentre os presentes, ninguém sabia a resposta. Em sua fala, Marize Carvalho propôs uma nota pública dos que registraram posição contrária a tal “palanque” de 1º de Maio (ver abaixo).

Situação que mostra também outro problema: a executiva da CUT recebe “pratos feitos” de acordos no Fórum das centrais, sem que sequer tenha discutido o assunto. O que já havia ocorrido no 1º de Maio de 2020 e em outras iniciativas feitas em nome da CUT, sem discussão no seu coletivo de direção.

Felizmente, várias CUTs estaduais adotaram ações para o 1º de Maio –carreatas em São Paulo, atos no RS e outros estados – de caráter classista e de luta. Ações que irão permitir preservar o caráter do Dia Internacional de Luta da Classe Trabalhadora e que podem ser um ponto de apoio para a luta contra a exploração do capital sobre a força de trabalho, potencializando a luta por nem um dia a mais para o governo genocida de Bolsonaro desde o ponto de vista da classe trabalhadora.

Lauro Fagundes


Nossa posição sobre o 1º de Maio

Em 21 de abril uma nota assinada por 12 membros da executiva nacional da CUT, veio a público. Trechos abaixo (ver íntegra em www.otrabalho.org.br ):

“Não podemos aceitar a presença de inimigos de classe, golpistas, representantes dos capitalistas exploradores, dos políticos que votam medidas de ataques aos nossos direitos, empregos e salários, no palanque da maior data de luta da classe trabalhadora mundial.

Não podemos aceitar o rebaixamento das nossas pautas no 1º de Maio: a luta da CUT é pelo auxílio emergencial de R$ 600,00, por vacinação e testes em massa para todos, pela defesa do SUS e dos serviços públicos, contra a reforma administrativa e as privatizações que o governo avança de forma violenta nos Correios, Petrobrás, Energia Elétrica, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e a EBC- Empresa Brasileira de Comunicações.

A luta da CUT é pelo Fora Bolsonaro, nenhum dia a mais para esse governo genocida, condição essencial para que o país reencontre o caminho da preservação da vida, da democracia e dos direitos da classe trabalhadora.
Somos fortes, somos CUT!

Viva o Primeiro de Maio da Classe Trabalhadora!

Fora Bolsonaro!

Angela Maria de Melo, Claudio Augustin, Daniel Gaio, Ismael José César, Ivonete Alves, Jandyra Uehara Alves, Janeslei Albuquerque, João Batista Gomes, Maria de Fátima Veloso Cunha, Marize Souza Carvalho, Milton dos Santos Rezende, Rosana Sousa Fernandes

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