A presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Joinville e Região (Sinsej), em Santa Catarina, Jane Becker, foi ameaçada de morte enquanto dirigia a caminho da sede da entidade sindical nesta quinta-feira (02). Em um momento em que ela estava parada num cruzamento, um motociclista encostou ao lado e falou: “você quer morrer? Para de se meter onde não deve!” Em seguida, ele acelerou e foi embora.
No início desta semana, o Sinsej denunciou que uma empresa terceirizada, contratada pela prefeitura de Joinville, mantém trabalhadores em situação análoga à de escravidão. Em seguida, na quarta-feira, o jornalista que havia noticiado a denúncia em primeira mão, Leandro Schmitz, foi demitido pelo jornal Folha Metropolitana.
Ainda na quinta-feira, Jane registrou boletim de ocorrência. O Sinsej está denunciando a ameaça, com cobertura da mídia nacional, e outros sindicatos, partidos e movimentos estão repercutindo e manifestando seu apoio – o que é uma forma de conferir proteção à dirigente, mostrando aos autores da ameaça que qualquer ataque contra a presidente será imediatamente cobrado. Além disso, se a intenção era fazer silenciar sobre a denúncia, o efeito foi o contrário, conferindo amplo destaque à situação degradante na obra que está sendo realizada pela empresa terceirizada, a serviço da Prefeitura de Joinville.
Entenda a denúncia
Em nome do Sinsej, Jane Becker esteve presente na obra da unidade de Bem Estar e Proteção Animal, o canil da prefeitura, após denúncias e lá registrou cenas de tratamento degradante e de risco pela empresa Celso Kudla Empreiteiro Eireli.
Os trabalhadores, na maioria migrantes e imigrantes, são obrigados a almoçar no chão do canil. Outros, sentam embaixo de um telhado improvisado ao lado da caçamba de lixo. No local, existe um espaço usado como refeitório pelos servidores diretos da prefeitura, mas ao qual os operários da obra não têm acesso. A geladeira na qual os trabalhadores terceirizados armazenam água e outros produtos fica dentro de um canil com animais presos.
Além disso, os trabalhadores são transportados para a obra dentro de um baú de um caminhão, segundo seus relatos. O Sinsej, ao chegar no local, também flagrou trabalhadores no telhado de uma das estruturas, sem o uso de equipamentos de segurança.
Alguns operários relataram ainda o desconto de R$800 no salário deles, com a desculpa de ser usado para alimentação e transporte.
Segundo a CUT Nacional, ao ser questionado sobre as denúncias, o governo Adriano Silva (Novo) teria dito que não é responsável pelos contratados pela terceirizada.