Após 19 dias da maior greve já realizada na cidade de São Paulo, a unidade dos servidores e professores impôs uma derrota ao prefeito Doria e vereadores aliados.
O governo, que pretendia aprovar até 6 de abril o Projeto Lei 621/16, o “PL do Confisco” (ver OT 823) que ataca os salários e a Previdência do funcionalismo, foi obrigado a suspender sua tramitação por 120 dias.
Doria pretendia se cacifar para o mercado, privatizando a previdência dos servidores, encomenda feita pelos banqueiros ao governo golpista de Temer, também derrotada pela unidade da classe trabalhadora.
Doria tentou de tudo. Jogar a população contra o movimento, com propaganda na TV aberta e jornais, tentou enrolar as entidades numa pretensa negociação blefando quanto à quantidade de votos dos vereadores e distorceu números no projeto fraudulento que costurava o confisco dos salários dos servidores. Ele também proibiu a imprensa sindical acompanhar a entrevista coletiva na qual, de forma solene, anunciou que teria votos para aprovar o projeto. As assembleias massivas com 100 mil servidores e professores nas ruas foram determinantes para a derrota de Doria.
Unidade construída pela base
Essa vitória é resultado da resistência e da unidade dos servidores e professores. Durante a greve atos regionais foram unitariamente se forjando, pois, o ataque era ao conjunto do funcionalismo. O Sinpeem (sindicato dos professores), o Sindsep (servidores), os sindicatos dos médicos, enfermeiros e arquitetos se unificaram a partir de uma vontade imposta pela base da categoria.
A derrota imposta ao governo Temer, quando enterramos a “reforma” da previdência do governo federal, foi importante para demonstrar que era possível derrotar a reforma de Dória.
A CUT jogou papel fundamental na defesa dos direitos da classe, se fazendo presente durante a mobilização e orientando os sindicatos a apoiarem a greve.
É uma vitória retumbante! O presidente da Câmara Milton Leite (DEM), tentou de todas maneiras colocar em votação o PL, mas diante da forte resistência dos servidores decidiu suspender a tramitação por 120 dias, e constituir uma comissão para discussão.
A greve foi suspensa em 27 de março. Agora é voltar com o espírito da vitória para as unidades escolares, unidades de saúde, bibliotecas, prefeituras regionais, áreas de parques e áreas verdes, enfim todos os locais de trabalho, com cabeça erguida. E, caso o governo se atreva a retomar o PL, estaremos prontos para voltar às ruas e à greve, com plena unidade do funcionalismo.
Doria sai da prefeitura após um ano e três meses para disputar o cargo de governador pelo PSDB, com esta derrota na cabeça e outras virão. A luta unitária dos servidores municipais mostrou que é possível derrotar o PSDB e sua política que há décadas ataca os servidores e o serviço público no estado de São Paulo.
João B.Gomes