Trabalhadores romenos lutam em defesa do emprego e salário e realizaram greve em 26 de março
As portas foram trancadas na madrugada de sexta-feira e os passageiros não tiveram acesso ao metrô. Cerca de duzentos e cinquenta funcionários desceram aos trilhos na estação central de Piata Unirii, impedindo que os trens partissem no horário. Segundo relatos, novecentos funcionários participaram da ação.
Não foi o sindicato que deu início ao movimento, mas os próprios trabalhadores.
“Esta ação de protesto foi realizada na sequência do anúncio da Metrorex de sua intenção de reduzir os salários dos funcionários e fazer demissões”, disse o presidente do Unitatea-Sindicatul Liber din Metrou (USLM), Ion Radoi.
“Quando nos falam sobre demitir trabalhadores e cortar salários, não esperamos nada de bom. Quando nos deixam sem emprego, quando nos deixam sem salário, ou seja, com uma redução de 25%, não dá mesmo para aceitar”, disse Ion Radoi.
Os trabalhadores não querem dispensas na Metrorex, não querem cortes salariais e estão pedindo a criação de novas vagas para que a atividade da empresa seja exercida em condições normais.
Por sua vez, os sindicalistas acusam o primeiro-ministro de ter imposto em 2021 uma redução das despesas salariais para os níveis de 2019, visto que no ano passado entrou em serviço outra linha de metrô. “Como inaugurar em 2020, com grande alarde, a linha 5 do metrô, com a contratação de pessoal, para operação em condições de segurança ferroviária, e, em 2021, pedir a demissão desses empregados? Não haveria os mesmos padrões de qualidade? A segurança ferroviária não é necessária?” eles dizem.
Na verdade, as autoridades não querem conceder os reajustes salariais negociados no ano passado. Note-se que o sindicato do metrô é considerado o mais poderoso da Romênia; dos quatro mil funcionários, quase todos são sindicalizados.
Funcionários sofrem intimidação
A ministra dos transportes, Catalin Drula, apresentou queixa-crime na Direção Nacional Contra a Corrupção (DNA), contra os responsáveis pelo bloqueio do metrô de Bucareste, por obstrução da luta contra a epidemia, abuso de poder, tráfico de influência, chantagem, crimes contra a segurança e “sequestro” do tráfego ferroviário e, no que diz respeito aos dirigentes sindicais, o uso de influência e autoridade para obter dinheiro, bens e benefícios indevidos.
Além disso, a polícia da capital anunciou que tinha sido informada pela direção da Metrorex da violação da prevenção e luta contra o terrorismo, e que a denúncia fora enviada, em caráter de urgência, ao Departamento de Investigações de Crime Organizado e Terrorismo.
Até o momento, a guarda da capital aplicou vinte e três multas, no valor de 125.000 leus (mais de 25.000 euros) por: descumprimento das disposições relativas à organização de reuniões públicas em espaços fechados, visando prevenir e combater os efeitos da pandemia Covid-19; protestar sem a autorização prevista na lei; não cumprimento das medidas sanitárias, conforme também previsto na lei relativa à pandemia Covid-19.
Sindicatos romenos, como a Federação de Engenheiros de Locomotivas, prestaram apoio aos grevistas. Também a nível internacional, sindicatos da Albânia, Azerbaijão, Bulgária, Moldávia e Turquia encontraram-se com trabalhadores e sindicatos romenos numa reunião organizada pelo Sindicato Europeu de Serviços Públicos (FSESP), em 25 de março, e dirigiu uma carta ao presidente Klaus Iohannis e ao primeiro ministro Florin Citu.
Após a intervenção do prefeito da capital, a administração da Metrorex concordou em negociar com os representantes sindicais. “A greve vai ser suspensa. Nós estabelecemos um calendário para as negociações na próxima semana, (os sindicalistas) apresentaram as reivindicações, vamos discuti-las. Durante as negociações, as medidas disciplinares contra os sindicalistas estão suspensas”, informou a direção da Metrorex. Com base nisso, por enquanto, o tráfego foi retomado.
Marian Tudor, de Bucareste