São Paulo: professores e servidores em greve contra Dória

servidores cercam a câmara municipal de SP
servidores cercam a câmara municipal de SP

Milhares de profes­sores e servidores, que protestavam na Câ­mara Municipal de São Paulo contra o projeto de Dória, nesta quarta-feira, 14, foram brutal­mente reprimidos, com bombas de gás, spray pimenta e balas de borracha, pela Guarda Municipal e a PM. Novo ato ocorre na quinta feira (15) a partir das 13h na frente da câmara municipal.

O prefeito de SP, João Doria (PSDB), está tentando implementar uma reforma da previdência no município de São Paulo que é um verdadeiro confisco salarial. Na proposta de Dória a alíquota da previdência passa de 11% para até 19%.

Em resposta, os servidores e os pro­fessores da cidade de São Paulo, organi­zados pelo SINDSEP-SP e o SINPEEM, respectivamente, realizaram grandes assembleias com manifestação no dia 8 de março e decidiram entrar em greve.

PL do Confisco

Para aprovar a medida, Doria re­formulou o já equivocado PL 621/16 do ex-prefeito Fernando Haddad, chamado Sampaprev, que o reenviou no apagar das luzes de seu mandato, em dezembro de 2016. Na proposta original de Haddad, os novos servido­res que tivessem salário superior a R$ 5.645,00 teriam que contribuir a um fundo complementar.

Doria manteve o nome do projeto para confundir o funcionalismo, mas o reformulou. E para pior.

Na proposta de Dória, além do Sam­paprev está prevista, nas palavras do go­verno, uma “segregação de massas”. Os atuais servidores contribuiriam para o seu fundo, renomeado como Finan. Já os novos servidores contribuiriam para outro fundo, denominado Funprev, que se pretende entregar para admi­nistração dos bancos, como um fundo de capitalização. Um duplo problema, pois de um lado ameaça quebrar o fundo de previdência dos atuais ser­vidores (que não contaria mais com a contribuição de novos concursados), e, de outro lado, submete os novos ser­vidores à um regime administrado por entidades privadas, ao estilo dos fundos de pensão, também sujeito a risco de quebra proveniente do investimento especulativo.

Para completar, o PL prevê uma eleva­ção da taxa, verdadeiro confisco salarial, de 11% para 14%, e ainda uma alíquota complementar que varia de 1% a 5%, totalizando até 19%, de acordo com a faixa salarial.

Questão política

Assim, mesmo depois de suspensa a reforma da previdência de Temer devi­do à resistência popular, Dória insiste na sua própria versão da reforma.

É um novo ataque, depois de várias medidas contra o povo, como o PL que autoriza vender toda a cidade, o corte do leite, do transporte escolar, o fechamento de postos de saúde, brin­quedotecas e a tentativa de servir ração para crianças.

Doria deixa a prefeitura dia 7 de abril para sair candidato a governador. Em entrevista coletiva, ele foi obrigado a reconhecer a greve, mas diz que “não há recuo”. Para variar, ele alega um déficit na previdência que não existe, e insiste na reforma para, na verdade, se cacifar frente ao “mercado” e, se conse­guir fazer passar, virar o seu candidato preferido ao governo do Estado, numa situação em que atualmente o próprio PSDB está dividido na questão da can­didatura ao governo.

Greve tem adesão em massa!

A greve começou forte e tem crescido a cada dia.

De acordo com o professor Nelson Galvão, conselheiro do SINPEEM, “a maioria das unidades educacionais aderiram à greve desde o início, com participação expressiva de professores, auxiliares técnicos, coordenadores pe­dagógicos, diretores e supervisores”. De fato, nas reuniões com a comunidade, os pais e responsáveis têm demonstrado o seu apoio, posto que os cortes são sensíveis desde o início do ano. Para ele “nem a atitude de Doria, nem de seus apoiadores do MBL tentarem intimidar os servidores com vídeos mentirosos, tem surtido qualquer efeito, ao con­trário, tem feito crescer a mobilização”

Já para Vlamir Lima, dirigente do SINDSEP, “no conjunto do funciona­lismo há dezenas de unidades comple­tamente paradas e outras parcialmente. É uma greve que mostra a disposição dos trabalhadores de São Paulo de defender o seu direito à aposentadoria. O enfrentamento com Dória é também um recado a Temer e seus comparsas do Congresso Nacional e a outros prefeitos e governadores para não ousarem me­xer com a Previdência do povo”.

João B. Gomes

DEFESA DO DIREITO DE LULA SER CANDIDATO

Comitês de professores e servi­dores municipais em defesa da democracia e do direito de Lula ser candidato tem se manifestado com faixas durante a mobilização da categoria. Ao abri-las é comum que muitos trabalhadores se agrupem, peçam para tirar fotos e participar, conscientes de que o que está em jogo com a possibilidade de prisão de Lula e impedimento a sua candi­datura tem tudo a ver com a ofensiva generalizada contra os direitos da classe trabalhadora.

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