Servidores de São Paulo: encerrada a greve

Sem unidade entre todos os servidores, Ricardo Nunes impôs reajuste abaixo da inflação

Desde o dia 08 de março, trabalhadores da educação entraram em greve, dirigidos por 3 entidades, Sinpeem (profissionais da educação), Sinesp (especialistas) e Sedin (educação infantil), que constituíram o Coeduc, (a Coordenação das Entidades Sindicais Específicas da Educação Municipal).

O Fórum de entidades, composto por 20 entidades, entre eles o Sindsep (sindicato dos servidores), iniciaram a greve em 12 de março.

A questão que se coloca, por que não houve unidade?
Em 2023 a Campanha Unificada arrancou 5% de reajuste linear. Já este ano, o Prefeito Ricardo Nunes (MDB), que ataca noite e dia os serviços públicos e desvia milhões de verbas públicas para seus projetos eleitorais apostou na divisão da categoria na Campanha Salarial e apresentou em reuniões separadas com o Coeduc e Fórum de Entidades a proposta de reajuste linear de 2,16% para todos os servidores e 3,62% de abono para o piso da educação. Sem oferecer mais negociações, o Projeto de Lei seguiria para a Câmara Municipal.

Tanto o Coeduc, quanto o Fórum de Entidades rejeitaram a proposta, e iniciaram as greves e reafirmaram ser contra a reestruturação da carreira do magistério por subsídio.

Ataque ao direito de greve
O governo sentindo a forte greve na área da saúde recorreu à Justiça que determinou a volta ao trabalho de 100% dos servidores da saúde, com multa por descumprimento de R$ 10 mil por dia e autorização de descontos dos dias parados. Diante disso, o Sindsep convocou assembleia extraordinária e suspendeu a greve na saúde, no dia 22 de março.

O governo fecha questão
O Projeto de Lei foi a voto no dia 26 de março e o governo decidiu que não teria mudança alguma na proposta. O placar foi de 37 votos a favor e 15 contra.

Em frente à Câmara o Coeduc decidiu manter a greve por melhores condições de trabalho e pelo direito de greve com nova assembleia dia 28 de março, quando encerraram a greve com o governo aceitando pagar os dias parados, mediante reposição. Já o Fórum de entidades decidiu suspender a greve devido a aprovação do Projeto do governo e manter a luta para o fim dos 14% do confisco da previdência dos aposentados, revisão da lei de férias, melhores condições de trabalho e pagamento dos dias parados.

Vitória parcial importante
Em audiência de conciliação no Tribunal de Justiça com o Sindsep, em 1° de abril, os trabalhadores da saúde garantiram o pagamento dos dias parados mediante reposição, nomeação de aprovados em concursos e estudo para realização de concursos na área da saúde. Quanto aos demais setores é garantido também o pagamento com reposição dos dias parados.

Que lição tirar dessa greve?
O que fica evidente é que para enfrentar o governo destruidor de Nunes dos serviços públicos, a divisão das entidades facilitou o governo impor um reajuste abaixo da inflação para toda categoria. Os milhares de servidores demonstraram vontade de luta, que será necessária para derrotar os 14% de confisco dos aposentados, alterar a lei de férias, incorporar os abonos, reverter as privatizações e terceirizações e defender os serviços públicos.

A luta deve continuar e no calendário temos o 1º. De maio, Dia do Trabalhador e a Marcha a Brasília, em 22 de maio, para exigir a revogação da reforma da previdência, trabalhista e o fim da lei das terceirizações.

João B. Gomes

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