Servidores gaúchos seguem mobilizados

Na esteira de outros governadores pelo país, incluindo governadores do PT (!), Eduardo Leite (PSDB/RS) aprovou no final do ano de 2019 a tabela de pagamento de previdência para servidores aposentados, antecipando-se a PEC que tramita no Congresso que inclui a reforma em estados e municípios.

Entretanto, a força da mobilização impediu que ele votasse todo o seu pacote de reforma administrativa e mudança nas carreiras ainda no ano passado. A enorme pressão da greve levou o governo a recuar, pelo menos temporariamente. Só na educação foram mais de 1500 escolas paradas total ou parcialmente. O governo respondeu com o corte de salários agravando ainda mais a condição de trabalhadores que sofrem um congelamento que dura 5 anos e mais 50 meses de parcelamento. Mais de 17 mil educadores tiveram os dias descontados, praticamente zerando o salário do mês de dezembro.

O PT e a CUT exigiam a retirada do pacote ou o voto contra dos deputados. A força do movimento só não foi maior porque setores do funcionalismo, alguns influenciados pelo bolsonarismo, apostaram numa negociação por categoria que não existiu. A maior resistência partiu da polícia civil e brigada militar.

Os projetos de mudanças nas carreiras achatam progressões e acabam com incorporação de vantagens que em algumas categorias podem chegar a 50% dos salários.

Há verdadeiras filas de servidores para se aposentar, em caravanas, como os fiscais agropecurários, por exemplo, o que pode comprometer setores da economia ligados à produção primária, que depende da fiscalização para garantir as condições de produção e comercialização dos produtos.

Mesmo com uma tendência de suspensão da greve da educação caso se chegue a um acordo sobre os dias parados, há disposição dos trabalhadores em retomar a mobilização no final do mês para continuidade da pressão sobre o governo e Assembleia Legislativa pela retirada ou derrota dos projetos.

Cássio Ritter

Nota do editor: A greve do CPERS, sindicato dos professores gaúchos, foi, de fato, suspensa no dia 14 alguns dias depois que esse artigo foi publicado no Jornal O Trabalho. Os professores suspenderam a greve sem acordo com o governo sobre a reposição dos dias parados, mas marcaram nova mobilização para o dia 27 de janeiro, quando pode haver nova votação na Assembleia Legislativa.

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