No Ceará, a CUT reuniu quase 90 pessoas numa Plenária sindical e popular, há 15 dias atrás, junto com a Frente Brasil Popular. O tom desta plenária foi duplo: insistir nas atividades remotas (o “fique em casa”) como orientação, e concentrar tudo no recolhimento e distribuição de alimentos.
Houve oposição de alguns militantes que, embora não tenha alterado a orientação geral do grupo dirigente da CUT na plenária, abriu uma margem de diálogo entre vários presentes.
O efeito da orientação da CUT foi desigual. Tem sindicato que não se moveu, nem numa direção e nem noutra. Mas teve sindicato, como os professores de Fortaleza (Sindiute) que se afundou até o fim na linha de arrecadar “cesta básica”.
Indignação na assembleia do Sindiute
Na assembleia da última quinta, 22, a diretoria do Sindiute propôs que o sindicato se integrasse às doações como atividade do 1º de Maio, e de maneira permanente a partir daí. Chegou mesmo a propor um desconto extra na contribuição sindical para aquisição de cestas básicas. Isso uma semana depois da categoria ser duramente golpeada pela reforma da Previdência do prefeito Sarto (PDT). Derrota que, em parte, se deveu à interrupção da mobilização pelo efeito do lockdown decretado pelo governo.
Militantes explicaram porque esta tarefa não é do sindicato. Apresentaram os números da fome e mostraram que, mesmo que fosse adequada, a ação dessa de coleta das organizações populares, nem arranharia o problema da crise alimentar. Isso para mostrar que a fome só pode ser eficazmente combatida pelos meios de Estado. Por isso, se deve exigir cestas e outras reivindicações dos governos, numa luta até acabar com Bolsonaro, em particular, com o qual não haverá combate à fome, isso sim deve ser o mote da ação do sindicato.
Houve uma onda de intervenções indignadas numa assembleia com quase mil presentes. A ultraesquerda se agarrou na infeliz proposta da direção para atacar a CUT. Mas nem teve votação. A diretoria do Sindiute recuou do desconto extra e propôs que quem quiser voluntariamente contribuir, contribui. E terminou assim.
Na segunda-feira, dia 26, a categoria, em assembleia, tirou um indicativo de greve por uma pauta que começa com vacina para todos e testagem em massa.
Eudes Baima