Trabalhadores na China voltam a protestar

Após um mês durante o qual não houve praticamente nenhuma manifestação de trabalhadores na China, pois grande parte do país estava fechada, recomeçaram as iniciativas coletivas.

Muitas manifestações foram provocadas pelas dificuldades econômicas decorrentes da epidemia de covid-19.

O mapeamento dos conflitos trabalhistas do boletim “China Labour” registrou 25 manifestações desde que as empresas situadas fora da província de Hubei retomaram provisoriamente a produção, após a extensão do ano novo lunar de meados de fevereiro até o fim de fevereiro.

É ainda um número muito pequeno de manifestações em comparação com anos anteriores, e a maior parte ocorre em pequena escala. Mas, considerando que o covid-19 ainda está disseminado em muitas regiões do país, é significativo que haja manifestações coletivas.

Em 10 de março, mais de mil motoristas de táxi da cidade de Liuzhou, no sudoeste, organizaram manifestação exigindo a suspensão das taxas de contrato e o direito de revender seu veículo para a empresa de táxi sem penalidades. De acordo com eles, mesmo que as pessoas retornem ao trabalho, a falta de passageiros os impede de ganhar a vida.

Tinha havido aumento no número de protestos dos taxistas antes da eclosão do covid-19, no final do ano passado.

Salários atrasados
A maioria dos recentes protestos de trabalhadores está ligada à exigência de pagamento de salários atrasados e às demissões. Por exemplo, funcionários de um restaurante de fast food em Pequim fizeram manifestação em 10 de março porque a empresa se recusou a pagar três meses de salários atrasados, mesmo após um tribunal ter ordenado o pagamento.

Na véspera, os médicos de um hospital privado de Zibo, na província de Shandong, que devia também três meses de salário, protestaram porque o hospital usava suprimentos médicos com validade vencida.

Em Pequim, trabalhadores se manifestaram contra a política de licença sem remuneração obrigatória que foi implementada pelo provedor de serviços online 58.com, que deu aos empregados apenas uma subvenção equivalente a 80% do salário mínimo mensal local, o que está longe de ser um salário decente.

Houve também atos, no início de março, dos proprietários de pequenas lojas e restaurantes, exigindo redução dos aluguéis por causa da diminuição drástica dos negócios desde o começo da epidemia. Trabalhadores da construção, inclusive os que foram contratados para erguer os hospitais de emergência para doentes do covid-19 em Wuhan, protestaram também contra salários não pagos.

Enquanto a produção vai voltando ao normal na China, os trabalhadores estão mais determinados do que nunca a garantir que seus direitos à remuneração, à seguridade social e à indenização não sejam violados.

Albert Tarp

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