Em São Paulo, a luta consegue revogar contrato em unidade de saúde
Desde o inicio do ano, os servidores municipais da saúde do Ambulatório de Especialidades Peri-Peri, região oeste da capital paulista, se mobilizam com o sindicato da categoria (Sindsep-SP) para enfren tar os desmandos da administração da Organização Social (OS) Fundação Faculdade de Medicina da USP. Na unidade, são 94 servidores da prefeitura e 14 da OS, todos submetidos a uma gerência truculenta. Com a entrega do Ambulatório à OS, pela primeira vez os servidores foram chamados a optar entre ficar na unidade sob gerência da OS ou cair fora. Foi estabelecido o prazo do dia 2 de agosto para fazer a opção.
Nos dias 4 e 11 de julho (dias de luta chamados pela CUT), os trabalhadores decidiram parar e lançaram uma carta dirigindo-se “aos colegas servidores que se encontram namesma situação que nós para tomarem a mesma atitude em suas unidades e se dirigirem ao Prefeito Haddad, ao Secretário da Saúde e dizer: Nós somos servidores, fizemos concursos e não aceitamos que as OSs tomem conta das unidades, é preciso reverter esse quadro de destruição da saúde pública imediatamente. Podemos, assim, organizar uma encontro entre todos que estão nessa situação e continuar esta luta”.
Outras unidades começaram também a mobilização A Coordenação de saúde regional foi obrigada a ouvir os trabalhadores, que colocaram: se alguém tem que sair é a OS. Uma nova paralisação foi marcada para o dia 29 de julho.
Ambulatório volta à gestão pública
No dia da paralisação, o secretário adjunto da saúde, Paulo Puccini, recebeu uma comissão de trabalhadores e do sindicato.
Ali, expuseram a situação. Havia completa desmotivação dos profissionais, quebras de protocolos por parte da gerência da OS, que garantia o atendimento para maquiar os dados e aumentar as estatísticas. Dos 14 trabalhadores da OS, a maioria é da parte administrativa, não havia nenhum médico. Foi relatado que a primeira consulta até era rápida, mas o retorno durava 8 meses.
Após ouvir as demandas, o secretário afirmou que o compromisso do governo “é a retomada da gestão pública, com responsabilidade… haverá transição” e que “tomamosdecisão: o Peri Peri terá o retornopara a administração direta e queremos um plano de trabalho conjunto”. Uma vitória importante!
Para João Gabriel (diretor do Sindsep), “a vitória do Peri Peri é a demonstração de que os trabalhadores podem construir caminhos para a retomada da saúde pública, que passa pela organização e mobilização dos trabalhadores”, posição reafirmada por um médico da unidade: “sem a união do grupo, não teríamos chegado a essa vitória”.
Esse resultado é um grande ponto de apoio para prosseguir a luta e trazer de volta as unidades de saúde para a administração pública. O que reforça a luta nacional dirigida ao governo Dilma pela revogação da lei 9637/98 que criou as OSs.
João B. Gomes