Venezuela: criada coordenação independente de trabalhadores

No dia 21 de agosto, em Caracas, reuniram-se 37 militantes políticos e sindicais de sete estados venezuelanos, atendendo à convocatória a um encontro nacional, lançada na forma de um manifesto no final de junho.

A reunião registrou mensagens de companheiros de vários estados que, por falta de recursos financeiros ou de transporte, não puderam se fazer presentes, mas que expressavam acordo com os seus objetivos.

O encontro constituiu a coordenação nacional autônoma e independente dos trabalhadores (CAIT), inicialmente composta pelo comitê que o convocou e os três deputados constituintes presentes, ficando aberta para associar novos membros. A CAIT assumiu a tarefa de formar comitês regionais, começando por uma reunião no estado Carabobo nos próximos dias.

Ao final dos debates foram adotadas resoluções de ação e uma declaração, da qual extraímos os trechos abaixo.

Declaração aprovada no encontro
“Uma nova agressão foi feita pelo representante maior do imperialismo ianque, Donald Trump, com sua ordem executiva de 5 de agosto que amplia a escalada contra nossa nação (…) A ingerência e as agressões do imperialismo provocaram a decomposição social e material do país e a ruína da classe trabalhadora.

As vacilações do governo Maduro, ao deixar de tomar medidas exemplares contra os capitalistas e em defesa dos trabalhadores e dos salários, agravam a situação (…)

Para nós, a defesa da nação deve estar vinculada à luta para melhorar as condições de vida dos trabalhadores.

É imprescindível retirar a enorme carga da crise das costas do povo trabalhador e fazê-la recair sobre os ombros do capital. O que demanda a participação política organizada dos trabalhadores, de forma independente, bem como a autonomia sindical de nossas organizações.

Rechaçamos de forma categórica o bloqueio económico e o embargo criminoso imposto contra a nação e o povo trabalhador pelo governo dos Estados Unidos e a União Europeia, em cumplicidade com seus lacaios na região. Ratificamos nosso apoio ao marco constitucional e a legitimidade democrática do presidente Nicolás Maduro (…). Mas, esse reconhecimento não deveria invalidar o questionamento a algumas decisões de seu gabinete que não contribuem para aliviar a situação dos que vivem do salário. Não obstante, juntos resistimos à pressão sem precedentes do governo dos EUA.

Conclamamos à luta em defesa da soberania a par da defesa de todo o marco de proteção e garantias que o povo trabalhador conquistou nos últimos 20 anos.

Nossa autodeterminação e nossos direitos são irrenunciáveis e não estão sujeitos à negociação com o capital. Diante da situação em que se encontra o movimento dos trabalhadores, a constituição de uma força que tenha o poder de impor decisões só será possível se nos organizamos em nosso próprio terreno de forma independente nos planos político e sindical. Acordamos nos associar para abrir a discussão sobre a urgência de construir, a partir desta reunião, uma representação política própria dos trabalhadores e trabalhadoras”.

Correspondente

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