Surge uma alternativa anti-imperialista e crítica ao governo Maduro
Em 6 de dezembro, ocorrem as eleições para a Assembleia Nacional. É a oportunidade de acabar com a utilização do parlamento por cúmplices do imperialismo dos EUA, como Juan Guaidó, para articular golpes e planos de destruição da nação, com as sanções, bloqueio econômico e o roubo do patrimônio venezuelano no exterior.
A derrota de Trump nas eleições enfraqueceu o Grupo de Lima, composto por governos que reconhecem o auto-proclamado Guaidó, somando-se a isso a derrota dos golpistas na Bolívia. Assim, a própria oposição pró-imperialista está dividida. Guaidó chama o boicote e convoca uma “consulta popular” em 12 de dezembro para que se declare Nicolás Maduro como “usurpador”, o que não entusiasma nem os seus seguidores. Outro setor participa das eleições, negociando com o governo espaços de poder.
Desde o governo de Maduro, iniciou-se um processo regressivo em relação aos avanços e conquistas do período de Hugo Chávez: foram abandonados os controles estatais da economia, os impostos aos mais ricos, o pagamento de taxas de importação; foi flexibilizado o sistema bancário e se avança silenciosamente na privatização de muitos setores da economia. Regressão que inclui a destruição dos salários e agressões à Lei Orgânica do Trabalho (LOTT), com uma postura governamental de repressão às lutas dos trabalhadores e prisão de sindicalistas.
Pela primeira vez o chavismo não sai unido
Essa situação provocou um realinhamento de forças no que chamamos de chavismo como força popular. Recusando aliar-se ao PSUV, que apoia o giro regressivo do governo, partidos e movimentos de esquerda e anti-imperialistas (PPT, PCV, Movimento Tupamaros e outros) lançaram a Alternativa Popular Revolucionária (APR).
A Corte Suprema, acionada por setores políticos ligados ao governo, nomeou direções provisórias em partidos que lançaram a APR, recusando que essa sigla estivesse nas urnas eletrônicas. O que levou os seus candidatos e candidatas a aparecerem nas listas do Partido Comunista (PCV), o único que não sofreu intervenção. Mas, nos fatos, a APR agrupa setores mais amplos do que o PCV, sindicalistas e dirigentes populares que recusam a aliança do governo e seu partido com a burguesia “patriótica”, que condenam a lei anti-bloqueio por abrir o país à pilhagem de multinacionais, que denunciam a repressão aos movimentos reivindicativos. Apesar do boicote total dos meios de comunicação públicos e privados à APR, ela é uma referência para aqueles que se recusam a votar no PSUV e muito menos na oposição burguesa.
A Coordenação Autônoma e Independente de Trabalhadores (CAIT) levantou uma plataforma para as eleições centrada na defesa dos salários e direitos, propondo uma mudança total de política econômica e a ruptura com os capitalistas.
Essa plataforma foi acolhida por candidatos como o dirigente sindical petroleiro William Toro, cabeça de lista da APR no Estado Zúlia, e nossa companheira Denis Ospino, trabalhadora da PDVSA, é candidata a suplente da APR no distrito 4 de Maracaibo.
O CAIT decidiu chamar o voto na APR (lista PCV) para avançar no reagrupamento de forças do povo trabalhador e reatar com as conquistas do período de Chávez.
Os resultados eleitorais, salvo a vitória previsível do PSUV, são incertos, mas uma nova situação vai se abrir na Venezuela.
Alberto Salcedo