Num momento marcado pelo fracasso da tentativa de golpe do fantoche de Trump, Juan Gauidó, e que se iniciaram negociações entre o governo Maduro e a oposição na Noruega, a situação interna da classe trabalhadora na Venezuela segue muito difícil e vem provocando uma série de mobilizações dos sindicatos de base.
Evidentemente o bloqueio econômico dos EUA – que continua e foi reforçado por Trump ao endurecer também o bloqueio a Cuba, aplicando um ponto da lei Helms-Burton que permite que propriedades de empresas de outros países na ilha sejam reivindicadas pelos seus antigos donos cubanos de antes da revolução (1959) em tribunais estadunidenses – é o principal responsável pelo caos econômico na nação vizinha, que agride o povo trabalhador com a hiperinflação e desabastecimento.
Mas há também a responsabilidade do governo Maduro, como nos informam os companheiros sindicalistas que fazem parte do Coletivo Trabalho e Juventude, aderente ao Acordo Internacional dos Trabalhadores e Povos (AcIT) na Venezuela.
Militares desrespeitam direitos trabalhistas
Não é segredo para ninguém que altos oficiais militares se tornaram gerentes de empresas estatais –quase 70% do PIB venezuelano, como a grande petroleira PDVSA, siderúrgicas, indústrias químicas e alimentícias – e, segundo áudios e denúncias de sindicalistas que os companheiros nos enviaram, desrespeitam direitos consignados na Lei Orgânica do Trabalho (LOTT), impedem o acesso de dirigentes sindicais aos locais de trabalho, atrasam pagamento de salários e submetem os trabalhadores a situações vexatórias.
Comportando-se como patrões privados – às vezes de forma ainda mais brutal – tais gerentes militares sempre dão como desculpa de que o país está “em guerra contra o imperialismo” e que aos trabalhadores só cabe obedecer a ordens.
Assim, dirigentes sindicais são demitidos, como ocorreu na empresa Lácteos de Los Andes (estatizada), convenções coletivas são desrespeitadas (como no Metrô de Caracas) e trabalhadores são demitidos em massa quando a empresa volta a ser privada (como no caso do mercado Bicentenário de Carabobo).
Há mobilizações também entre petroleiros e trabalhadores da Alcasa (alumínio), denunciando humilhações e demissões injustificadas, bem como em vários setores dos serviços públicos.
As denúncias e pedidos de intervenção para resolver os conflitos são dirigidas à Assembleia Constituinte, que decidiu prolongar seus trabalhos até 2020, pelos sindicatos, cuja maioria é de filiados à Central Socialista Bolivariana dos Trabalhadores (CSBT), bem como ao Ministério do Trabalho e autoridades governamentais.
O Coletivo Trabalho e Juventude, além de apoiar essas mobilizações, vem advertindo o presidente Maduro e a Constituinte que a força que sempre esteve ao lado da nação para combater as agressões do imperialismo dos EUA e seus aliados locais e na região – a classe trabalhadora – não pode ser atacada por gente que fala em nome do governo, pois isso equivale a enfraquecer a luta de resistência e a conviver com a piora das condições de vida e trabalho do povo venezuelano.
Lauro Fagundes