A mídia escondeu, o Judiciário e os patrões pressionaram, mas o fato é que no dia 14 de junho milhões de trabalhadores em todo o país cruzaram os braços. A greve geral foi uma demonstração de força da classe trabalhadora e criou as condições para que, num patamar superior, o movimento seja retomado para impedir que a Previdência Pública e Solidária seja destruída por este governo que se revela, cada vez mais, cria de uma operação de ilegalidades, maracutaias e ataques à democracia.
A greve ocorre em meio às revelações da armação no interior do Poder Judiciário para tirar Lula das eleições de 2018 e impedir que a maioria do povo pudesse, livremente, exercer o direito ao voto. Não por acaso, nas manifestações ocorridas no dia 14 de junho, ouviu-se com mais força a palavra de ordem Lula Livre.
Agora voltam as revelações das ilegais contratações de empresas estrangeiras na epidemia de notícias falsas que contaminou as eleições e seu resultado.
E tudo com o beneplácito das instituições, quando não organizado diretamente por elas.
Os imperialistas, a começar pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, sabem que podem contar, como sempre contaram, com estas instituições para garantir seus interesses.
Elas que acobertaram, desde o golpe do impeachment, sob o manto do fraudulento combate à corrupção, a ofensiva contra a nação, seu povo e sua democracia, seguirão acobertando. Mesmo se as revelações do conluio Moro/Dallagnol, em qualquer Judiciário digno deste nome, deveriam implicar na anulação da fraude da Lava Jato para condenar Lula. Nenhuma ilusão de que nessas instituições repouse a perspectiva de barrar o estado de exceção que se instalou no país.
No jogo de força entre os interesses do capital financeiro e os da nação e dos trabalhadores, a greve de 14 de junho demonstrou que é possível avançar para impedir que prossiga o perigoso curso ao qual este governo autoritário pretende empurrar o país, contando cada vez mais diretamente com o aval das Forças Armadas, o Exército em particular. Agora até general da ativa compõe o primeiro escalão de Bolsonaro.
Depois de 14 de junho o caminho é avançar a luta em defesa da democracia e dos direitos, superando os obstáculos.
Sem conseguir garantir a destruição da Previdência numa tacada só, como previa a Proposta de Emenda Constitucional (PEC 06/19) entregue por Bolsonaro/Guedes ao Congresso, agora vão tentar passar “de pouco em pouco”. À véspera da greve geral, o relator da PEC na Comissão Especial do Congresso apresentou um relatório, como se fosse mais “palatável”, mas que mantém a redução de direitos, o que é inegociável. Ele retirou a capitalização individual. Mas atenção, é só questão de tempo! Pois os presidentes da República e do Congresso já anunciam, ela pode voltar. Isso se conseguem dar um primeiro golpe. Por isso não há o que negociar. Aos trabalhadores que cruzaram os braços no dia 14 de junho a única resposta possível é votar Não!
A posição do PT, firme na decisão de rejeição global à reforma da Previdência, inclusive não cedendo à pressão de alguns de seus governadores, ajudou a construir o movimento pela greve geral e concorreu decisivamente para que cinco partidos (além do PT, PSB, PDT, Psol e PCdoB) declarassem voto contra o relatório. Assim como o papel da CUT foi determinante para que todas as centrais chamassem a greve.
O governo e o Congresso vão tentar prosseguir a ofensiva. Mas a contraofensiva da classe trabalhadora começou. É por aí que é preciso prosseguir.