Impressionante! Foi o que mais se ouviu em cima do carro de som da enorme manifestação que se espraiava pela Avenida Paulista, reunindo mais de 200 mil pessoas. Com o mesmo tanto na Candelária, no Rio, foi a mesma reação diante das centenas de milhares de manifestantes em Belo Horizonte, Fortaleza, Recife, Salvador, Belém, Porto Alegre, enfim, em todas as capitais estaduais e em Brasília. Mas também foi impressionante em mais de 250 cidades pequenas e médias como Campinas, Pelotas, Juiz de Fora.
Nos atos públicos e passeatas, levantaram-se a juventude e a classe trabalhadora, os professores e trabalhadores do ensino de todos os níveis, contra o governo Bolsonaro, em defesa da Educação e dos direitos, contra o desmanche da Previdência.
O 15 de maio de 2019 já entra para a história como a primeira onda de mobilização nacional contra Bolsonaro, menos de seis meses depois da posse do ex-capitão reformado. Para muitos, as manifestações foram maiores que as realizadas na luta contra o golpe que derrubou Dilma em 2016, mostrando a força que tem a junção de estudantes e trabalhadores para abrir uma saída para a crise profunda que o Brasil atravessa e que a política do governo, em todos os níveis, só faz aprofundar.
Convocado inicialmente pela CNTE – Confederação dos trabalhadores da educação da CUT, como um dia de greve nacional da Educação, em defesa da Previdência pública e solidária, o 15 de maio foi turbinado pelo anúncio de cortes feitos pelo ministro Weintraub de 30% dos recursos para as universidades e para os demais níveis do ensino que ele diz privilegiar.
Desde Dallas (EUA), Bolsonaro chamou os mais de um milhão de manifestantes de “idiotas úteis”, “imbecis” e “massa de manobra”, deixando o “mito” a nu.
Foi dada a largada para um processo de mobilização que vai encostar o seu governo na parede. O 15 de maio foi efetivamente, um “esquenta” para a greve geral convocada por todas as centrais sindicais para 14 de junho para dizer Não à contrarreforma da Previdência.
As semanas que nos separam dela devem ser ocupadas por novas mobilizações – como a de 30 de maio na luta contra os cortes na Educação – que tornem clara a relação entre a destruição do Ensino Público em todos os níveis, com a tentativa de entrega das aposentadorias aos banqueiros e especuladores e a entrega da nação aos apetites das multinacionais e do imperialismo dos EUA, do qual Bolsonaro é um fantoche. Vamos à luta, pois podemos derrotar Bolsonaro e sua tropa de farsantes!
Julio Turra
Publicamos aqui alguns relatos enviados por nossos correspondentes da onde de mobilizações que ontem ganhou as ruas de cidades em todo o Brasil.
Em São Paulo, multidão aprova greve geral
Num dos maiores atos do país, mais de 200 mil pessoas reunidas na Av. Paulista, entre estudantes, professores, pais de alunos e trabalhadores de várias categorias profissionais, participaram de uma votação que aprovou a greve geral nacional chamada pela CUT e demais centrais para 14 de junho.
Ao final, uma enorme passeata dirigiu-se para a Assembleia Legislativa de São Paulo, para protestar contra uma Comissão Parlamentar de Inquérito que tem o objetivo de expor a Universidade de São Paulo (USP) e abrir caminho para cobrança de mensalidade. Os gritos “Lula Livre!” e “olê, olê, olá, Lula, Lula” foram entoados várias vezes em meio a multidão. Pelo interior estado, houve greve e manifestações em dezenas de cidades, como em Santos, Campinas, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Sorocaba, Bauru, Piracicaba, Limeira, São Carlos, Araraquara e São José dos Campos.
No Rio 200 mil na Candelária
A concentração na praça da Candelária contou com cerca de 200 mil manifestantes. Alunos de institutos federais, universidades federais, professores e centrais sindicais. Um ato que, mesmo com chuva, se manteve cheio da previdência e da educação, reafirmando que não há negociação com os nossos direitos. A avenida Presidente Vargas foi tomada pelos manifestantes com faixas e bandeiras, muitas delas do PT. A Juventude Revolução do PT esteve presente com uma coluna de estudantes da Universidade Federal Fluminense em que chamava a palavra de ordem: “sou estudante, não abro mão, da previdência, saúde e educação”. No ato de Volta Redonda, que contou com estudantes e trabalhadores de várias cidades da região, a JR do PT formou uma coluna com faixas, panfleto e bandeiras, tornando-se ponto de apoio e encontro para os petistas.
Em BH, cerca de 150 mil manifestantes
Depois de atos localizados como na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com grande participação dos estudantes, a principal manifestação em Belo Horizonte, capital mineira, se concentrou na Praça da Estação, e cantou palavras-de-ordem como “Trabalhador, presta atenção, o Bolsonaro só trabalha pro patrão”. No estado, houve atos em todas as cidades onde há campus universitários, de CEFETs ou IFs, além de outros municípios onde o protesto foi garantido pelo Sindi UTE, sindicato dos professores estaduais. Em alguns locais, centenas de manifestantes enfrentaram a chuva, como em Viçosa. As manifestações aconteceram em Uberlândia, Diamantina, Ipatin Ipatinga, Timóteo, Leopoldina, Cataguases e outras. Em Juiz de Fora, além de grande ato, teve paralisação na Universidade e no Instituto Federal, na rede estadual e nas escolas municipais e particulares, cujos professores aproveitaram para discutir suas campanhas salariais em assembleias.
Educação parou 100% em cidades do Ceará
Fortaleza, cerca de 100 mil pessoas tomaram a zona central da cidade. Promovida pelas centrais sindicais e sindicatos do setor da educação, além das entidades estudantis, o ato foi o maior dos últimos anos na cidade e destacou o combate à contrarreforma da Previdência e contra os cortes anunciados pelo Governo Bolsonaro. O Diálogo e Ação Petista esteve presente com sua coluna, faixa e pirulitos, associando a luta em defesa das aposentadorias e das verbas para educação com a defesa da liberdade de Lula. Também no Vale do Jaguaribe, o DAP ajudou a impulsionar a greve e atos nos municípios de Limoeiro do Norte, Tabuleiro e Russas. A paralisação nesta região foi de 100% das instituições escolares e universidades.
Na Bahia, manifestações por todo o estado
Em Salvador a manifestação contou com cerca de 70 mil pessoas: além de trabalhadores e estudantes, reuniu petroleiros e outras categorias. A Greve Geral foi convocada exaustivamente e, em meio à massa, os gritos, cartazes e adesivos por “Lula livre” eram vistos por todos os lados. A mobilização parou universidades, institutos, escolas públicas e privadas. Em Feira de Santa, foram 5 mil, e outros milhares se manifestaram em Amargosa, Cruz, das Almas, Santo Antônio de Jesus, Vitória da Conquista.
Em Curitiba, mobilização chega às metalúrgicas
Na região metropolitana da capital do Paraná, houve paralisação das duas universidades federais (UFPR e UTFPR), na rede estadual e diferentes redes municipais, como na cidade de Araucária. Marcou a adesão à mobilização de trabalhadores metalúrgicos, cujo sindicato realizou assembleias em várias fábricas (ver abaixo). A manifestação contou com mais de 10 mil pessoas e o direito à aposentadoria apareceu em quase todas as falas. “Nosso adesivo em defesa da Previdência e da liberdade para Lula foi bem aceito, distribuído às centenas”, relata um companheiro do Diálogo e Ação Petista.
No DF, unidade das entidades levou 50 mil às ruas
Em Brasília, o dia 15 teve um dos maiores atos desde o golpe em 2016, tomando todas as 6 faixas da pista da Esplanada dos Ministérios, desde o Congresso até o Museu Nacional. O Sinpro-DF, filiado à CNTE e CUT, conseguiu parar quase todas as escolas da educação básica do Distrito Federal, e também teve paralisação de professores e estudantes da Universidade de Brasília (UnB) e Institutos Federais. No ato, as intervenções foram contra os cortes, contra a PEC 6/2019 (da reforma da Previdência) e pela preparação da greve geral. Entre as palavras de ordem, pegou entre os manifestantes “Ô Bolsonaro, vai se danar, a juventude também quer se aposentar “.
No RS, atos em mais de 70 cidades
Em mais de 70 cidades gaúchas professores, estudantes do setor público e privado junto com sindicatos de outras categorias e as centrais sindicais tomaram as ruas contra os cortes na educação e a reforma da Previdência. Mesmo os prognósticos mais otimistas não previam tamanha amplitude. A indignação com as medidas de Bolsonaro se cruzou com o parcelamento e congelamento de salários que dura mais de 40 meses e aflige os trabalhadores estaduais. O CPERS/Sindicato (professores e funcionários de escola) já decidiu produzir uma carta à comunidade escolar chamando o engajamento na greve geral do dia 14 de junho. Nas palavras de ordem, além da denúncia dos cortes, em diversas cidades ouvia-se gritos de “Lula livre”. Em Porto Alegre uma marcha reuniu mais de 30 mil pessoas.
Em Recife mais de 50 mil
Universidades federais, escolas estaduais e municipais, inclusive algumas particulares, paralisaram as atividades e participaram da greve nacional da Educação em Recife e em várias cidades do interior. O ato principal, realizado em Recife no final da tarde, reuniu mais de 50 mil pessoas. A maioria das falas no carro do som ressaltaram a ligação da greve da educação com a greve geral 14 de junho. O Lula Livre se manteve presente nas palavras de ordem e bandeiras e faixas!
CATEGORIAS SE SOMAM À MOBILIZAÇÃO
Em diferentes estados, trabalhadores de outras categorias manifestaram seu apoio a estudantes e professores e se somaram à luta contra os cortes na Educação e em defesa das aposentadorias. Manifestações em locais de trabalham fortalecem a preparação da Greve Geral.
No Paraná, o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba realizou assembleias, protestos e atrasos de turno em várias empresas: trabalhadores da Renault, Volkswagen, CNH, Bosch, Volvo, Brafer, Pic da Audi e outras participaram da mobilização, desde o início da manhã.
Os petroleiros em refinarias do Paraná e São Paulo se manifestaram contra cortes da educação e da reforma da previdência, e contra as vendas das refinarias da Petrobrás. Já os gasistas atrasaram as entradas de turno em Campinas, Franca, Limeira, São Paulo e em Bragança Paulista.
Sindicatos de outras categorias manifestaram seu apoio com visitas a locais de trabalho para colher assinaturas no abaixo-assinado das centrais contra a PEC 06/2019 (Ref. Da Previdência). Os trabalhadores do vestuário de Sorocaba (SP) aderiram ao abaixo-assinado na entrada de alguma empesas.
LULA LIVRE
Segundo o Estadão, “as manifestações do dia 15 impulsionaram ‘Lula Livre’ e ‘Fora Bolsonaro’ no Twitter
A expressão ‘Lula Livre’ voltou a ocupar o ranking dos assuntos mais comentados do Twitter brasileiro. Impulsionada pelas manifestações contrárias ao contingenciamento de verbas no MEC (Ministério da Educação), a campanha em defesa da liberdade para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o segundo assunto mais publicado no Twitter durante a tarde desta quarta-feira, 15 de maio”.
GOVERNO MEXE NUM VESPEIRO
Bolsonaro baixou decreto retirando das universidades federais o direito de escolherem não apenas seus reitores, mas também vice-reitores pró-reitores, procuradores e auditores, diretores de centros e mesmo cargos técnicos. O decreto, um ataque à autonomia da Universidade, foi publicado bem no dia 15 de maio!
As designações aos principais cargos ligados a reitores têm sido de responsabilidade dos mesmos, eleitos pela comunidade universitária. Agora o governo quer que passe à Casa Civil da presidência, sob supervisão do general Santos Cruz, do Gabinete de Segurança Institucional e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Um decreto que mexe no vespeiro, como mostraram as manifestações, no mesmo dia 15, em defesa da Educação.