No domingo 7, pipocaram os primeiros atos de rua contra Bolsonaro na pandemia, de torcidas organizadas, grupos de jovens e negros das periferias, pela democracia e contra o racismo. Eles começaram a tirar os fascistas das ruas.
No mesmo dia, a GloboNews correu para fazer um debate entre uma certa oposição, da qual o PT foi excluído: os escolhidos foram FHC (PSDB), Ciro (PDT) e Marina (Rede), que esboçaram uma “unidade pela democracia”. Dias antes, eles tinham subscrito um manifesto “Juntos pela democracia”.
FHC disse que “nós todos estamos no mesmo barco”. Ciro subiu o tom “quem não vier é traidor”, numa alusão a Lula e ao PT. Logo ele, o traidor de 2018 quando foi para Paris no 2º turno, abandonando o pleito para Bolsonaro, enquanto FHC se abstinha aqui mesmo. Agora, grita “pega ladrão!” para desviar a atenção do povo que começa a se mobilizar.
O que eles não explicaram, nem lhes perguntaram, é por que o seu manifesto não fala de impeachment, aliás, nem do nome de Bolsonaro.
FHC se borra
Depois disso, as manifestações se espalharam e o PT se fez presente, o PSOL também, o PCdoB menos.
Neste dia 18, o PDT, o PSB, o PV e a Rede chamam um ato virtual pelo impeachment, mas não aceitam o PT presente. O PSDB, por sua vez, firmou posição contra o impeachment.
Deu para entender, não precisa desenhar.
Eles não querem derrubar Bolsonaro, eles fazem figuração.
Um deles, FHC, se borra: “cuidado para que o outro lado, algum grupo bolsonarista mais feroz, não use o argumento de que ‘não deixam o homem governar’. Ele pode governar do jeito que quiser”.
O outro, Ciro, gesticula para encobrir FHC. Acusa os ausentes para bloquear uma unidade por alguma coisa concreta que interesse ao povo. Fala de impeachment, mas de modo a não se fazer unidade nem nas ruas nem nas próximas eleições. Ele não quer uma maré popular contra o regime. E se, mais à frente, Bolsonaro vier a sair, será para Mourão completar o mandato até 2022, bolsonarismo sem Bolsonaro, seguindo as contrareformas de Guedes.
O que interessa
Aos jovens, aos negros, a todo o povo trabalhador, o que interessa é o fim do governo Bolsonaro. Interessa sim tirar Bolsonaro, mas Mourão também. Porque para acabar com a opressão, a violência e o desemprego, é preciso anular todas as medidas de Temer e Bolsonaro-Guedes. Quem tem o poder para isso? Hoje, ninguém. Para isso é preciso uma Assembleia Constituinte Soberana e um novo governo eleito.
O PT defende impeachment e eleições para presidente. Certo, mas não para ficarmos prisioneiros desse Congresso, produzido pelas mesmas fakenews que elegeram Bolsonaro, e com o mesmo Judiciário que mantém Lula sem direitos políticos. No interior das manifestações que interessam ao povo oprimido, este debate deve se abrir.
Markus Sokol