PT, direita volver no Congresso!

A base está perplexa.

O Diretório Nacional em dezembro mandatou a Comissão Executiva Nacional para discutir a eleição das mesas da Câmara dos Deputados e do Senado em 1º de fevereiro. A CEN, por sua vez, mandatou as bancadas com uma “comissão de acompanhamento” liderada pela presidente Gleisi Hoffman, com a linha “unidade da oposição” mais alguns “parâmetros”.

O Dialogo e Ação Petista defendeu no DN “candidaturas de oposição democráticas e anti-imperialistas”. Markus Sokol (DAP) levou isso à CEN seguinte. Na votação propôs emendar a fórmula praticamente consensual de Gleisi com a “candidatura” de “unidade da oposição” para discutir depois “parâmetros”. Rejeitado, se absteve.

Me engana que eu gosto
Na virada do ano, a Oposição (PT, PDT, PSB e Rede) já tinha se “unido” para fazer um bloco com Maia de nada menos de 11 partidos – 6 deles, a maioria, da direita golpista DEM, PSDB e PSL, entre eles – contra o bloco de Lira (PP). No dia 4 a bancada aderiu à candidatura de Baleia Rossi (MDB), homem de Maia.

Ora, nunca foi proposto à CEN ou ao DN tal bloco, muito menos o nome de Baleia, apadrinhado pelo “líder civil” do impeachment, Temer. Vinha explicado (pela mídia) que a oposição não se uniria de outro modo…

Primeiro turno ou segundo turno?
Com a base do governo – principalmente o “centrão” – dividida, se sabia que deve haver dois turnos.

Na verdade, desde a CEN com parte da bancada presente, se via que a divisão real da bancada na Câmara era apoiar um “outro” candidato no 1º turno ou marcar posição para apoiar no 2º turno. O que foi deliberado por 27 deputados pró Baleia no 1º turno versus 23 pela candidatura “própria” – a tônica das 7 falas por ela, era apoiar no 2º turno. Ou seja, o que parecia afirmativo era, na verdade, apoiar no 2º turno o mesmo Baleia.

Essa é a divisão também, como é público, na bancada do PSOL que não está no bloco Maia. Embora, em Belém, onde elegeu o prefeito, o PSOL fez uma mesa unânime para a Câmara Municipal, com todos os partidos.

Atenção: não há frente dos 11 partidos, a oposição apresentou sua plataforma, Baleia em discurso e entrevista não se compromete com impeachment e segue apoiando a política econômica. É um golpista que votou as contrarreformas e não mudou.

A “unidade da oposição” deu em que parece que não há oposição no país!

É grave!
O voto dos parlamentares é individual e costuma ser secreto. Traições acontecem. Em tese, a CEN que se reúne dia 22 pode revisar esta tática desastrosa: Bolsonaro se dá ao luxo de exibir o apoio do PT ao seu candidato no Senado, Rodrigo Pacheco (DEM), contra Simone Tebet (MDB).

O líder do PT, Rogério Carvalho, explica que não tem tanta diferença e, por fim, Pacheco “é obvio que defende uma agenda liberal. Não temos condições de escolher um candidato de oposição ao Bolsonaro porque não tem” (OESP 13/01). Não, porque não quer!

Tudo isso não é um acidente, já expôs o PT e coroa um ano de deriva parlamentar, em que Bolsonaro segue sua aventura, com apoio do grosso da burguesia e do capital internacional.

Não será apeado por cima, não sem uma explosão social por baixo, imprevisível, antes ou depois de 2022.

J. A. L

Artigos relacionados

Últimas

Mais lidas