A cidade de São Paulo, assim como todo o país, está no pico da pandemia, com centenas de mortes diárias. A gravíssima situação não impediu que o prefeito Bruno Covas tentasse continuar avançando seus planos de privatização. O resultado, nas últimas 72 horas, foi um processo de caos, sofrimento, resistência e luta, que obrigou o prefeito a recuar da medida.
No dia 11 de março o Serviço Funerário colocou para administrar os carros que fazem a remoção dos corpos para os enterros uma empresa terceirizada. Imediatamente as remoções começaram a atrasar consideravelmente. Em alguns casos o atraso passava de 8 horas. Houve casos em que vários carros apareceram para buscar o mesmo corpo.
A empresa designada para o serviço se mostrou completamente ineficaz. Em consequência dos atrasos nas remoções, enterros começaram a ser feitos depois das 18h, horário máximo permitido já que muitos cemitérios não tem iluminação adequada. Trabalhadores, já exaustos, foram obrigados a fazer hora extra, sem perspectiva de receber por isso.
Desde o primeiro dia o diretor do Sindicato dos servidores públicos municipais, João Batista Gomes, iniciou um processo de denúncia da situação à imprensa e mobilização da categoria contra a situação, que foi se agravando.
Para João “o desmonte do serviço público funerário mostra descaso com a dor das famílias. O mesmo acontece na saúde, assistência social, educação. No meio do agravamento da pandemia, com aumento de mortes e contaminações, o Serviço Funerário entrou numa aventura e quem paga é a família que fica o dia todo aguardando a hora que o carro de remoção vai chegar ”
Ele ainda fez duras críticas ao prefeito “parece que a cidade não tem prefeito e o povo está morrendo sem UTI e esse caos no Serviço Funerário. Ele não é muito diferente do negacionista Jair Bolsonaro. Se diz a favor da ciência, mas faz a mesma coisa que Bolsonaro” comparou Gomes.
Indignados com a situação que se espalhava por toda a capital paulista, familiares e amigos de pessoas falecidas depredaram uma agência do serviço funerário em Itaquera neste domingo (14). Em nota o Sindsep denunciou o caso explicando que “Servidores foram agredidos por erros de uma empresa privada.”
Com tantas denúncias e diante da indignação de trabalhadores e da população, a prefeitura deu um passo atrás e reverteu o processo de terceirização temporariamente. A mesa de tráfego voltou para as mãos dos servidores de carreira e a situação começa a se normalizar. Mas o próprio dirigente sindical, João B. Gomes alerta que a luta deve continuar “Foi uma pequena vitória e vamos continuar o movimento para manter a mesa no serviço público e exigir a exclusão de dessa clausula do contrato, que inclusive é absurdo, porque a mesma empresa fazer o controle e a remoção, é dizer que não há controle nenhum”, ponderou.