O que está em jogo no 7 de setembro

49,6 milhões de brasileiros, em julho, sofriam de “insegurança alimentar moderada ou grave”, ou seja, fome no Brasil, segundo Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). 14,6 milhões estavam desempregados no segundo trimestre, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), além dos 30 milhões de subempregados. Em julho ainda, o reajuste salarial médio foi de 7,6%, abaixo da inflação acumulada de 9,2%, segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

O que faz o governo? Crueldade: em agosto, o presidente propôs 0% de reajuste real no salário mínimo no Orçamento de 2022. E após a alta acumulada de 20,1% na energia elétrica residencial, anunciou para 1º de setembro novo ajuste médio de 6,8%.

O aprofundamento de tudo isso por mais um ano e meio, ou não, passa pelos atos de 7 de setembro por Fora Bolsonaro.

Sim, porque pode não parecer, mas o presidente Bolsonaro governa, e para várias medidas e emendas constitucionais tem apoio no Congresso Nacional nos partidos da direita, tanto do centrão como da dita “terceira via”: ele privatiza a Eletrobras, reduz os direitos trabalhistas, encaminha a privatização dos Correios, e faz tramitar o desmonte da demarcação das terras indígenas.

O presidente dirige a bicicleta da entrega ao patronato e ao capital internacional – se parar ele cai! – enquanto segue a sua sina desde a eleição: o intento de impor o seu poder e o da “família”, apoiada nos generais e oficiais policiais, por cima dos demais poderes podres da República, com aplausos de bolsonaristas e “religiosos”.

No momento, o choque maior é com o poder judiciário que só quer limitá-lo, mas deu na inédita crise aberta nas instituições.

Foi aonde ele chegou, após dois anos e meio, explorando a pandemia como faz a maioria dos governos do mundo que tentam “passar a boiada”, aqui graças à tibieza da oposição institucional, no âmbito político e jurídico.

Ele segue em ameaças cada vez mais destemperadas, e divide a classe dominante que nem para publicar um manifesto pela “reaproximação dos poderes”, a Fiesp (a indústria) e a Febraban (os bancos), se põem de acordo, quando ele de fato convoca contra a ordem constitucional, invadindo o 7 de Setembro da nação. A mesma ordem que a dita “terceira via” do governador Dória (PSDB) pisoteia ao proibir o ato Fora Bolsonaro em 7 de setembro.

Mas os atos foram mantidos pelos organizadores país afora, e em SP com o aval de um juiz de 1ª instancia ao qual o governador e a PM tiveram que se conformar. Essa é a situação!

Que a “terceira via”, sem força própria de rua, tenha mais medo da mobilização do povo, do que do bando de Bolsonaro no dia 7 de setembro se compreende – até porque a elite nunca foi em atos Fora Bolsonaro. Mas que sejam “contrários” a estes atos nessa data os setores do PSB como o deputado Marcelo Freixo, a pretexto evitar violências, como setores do PSOL paulista e o PCdoB como partido (Valor 01/09/21), isso é um grave erro. Recuar nesse momento é pavimentar a estrada do golpismo e cavar a própria sepultura.

O legado histórico põe nas mãos do PT nesta hora a grande responsabilidade de não apenas manter, como está mantendo a convocatória para o 7 de setembro, mas de engajar todas suas forças e lideranças nessa mobilização.

O Diálogo e Ação Petista mais uma vez assume as suas responsabilidades e estará com suas colunas nas ruas, no dia 7, na luta para pôr para fora Bolsonaro.

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