Trabalhadores e movimentos fazem manifestação contra entrega de hospital público para “OS” em Minas Gerais

Na manhã desta quinta (13), cerca de 250 pessoas realizaram uma manifestação no Hospital Regional João Penido, no bairro Grama, na cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais. Reuniram-se trabalhadores do local, representantes de usuários e moradores, movimentos sindicais, parlamentares e partidos de Juiz de Fora e região, para denunciar o processo de entrega desta e outras unidades públicas da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG) para gestão privada, através de Organizações Sociais (OS).

A atividade marcou o início de uma campanha que está sendo organizada por um Comitê amplo de defesa do hospital público, e teve forte presença da militância do PT, em especial do Diálogo e Ação Petista.

Referência para cerca de 94 cidades da zona da mata mineira, o Hospital Regional João Penido, pode ser repassado a uma OS pelo governador Romeu Zema (Novo), que já tentou privatizar outras unidades hospitalares da Fhemig, como em Patos de Minas, mas também encontrou resistência. Para ludibriar a população, Zema tem feito a promessa de reabrir o atendimento Urgência/Emergência do Hospital, fechado desde 2014, o que prejudica a população da região.

Lenir Romani, diretora do Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde (Sind-Saúde), faz um balanço positivo da atividade. “os funcionários agora têm certeza que nós temos defensores leais à nossa categoria.” A técnica de enfermagem do hospital, Jaquelaine Souza, explica qual o atual sentimento dos cerca de 800 servidores, depois de 2 anos de esforço na luta contra a covid-19, além da manutenção dos demais atendimentos prestados sempre com qualidade. “Nos sentimos ameaçados e traídos com essa proposta do Zema. Fomos pegos de surpresa, em pleno dezembro, e estamos todos trabalhando muito desmotivados e tristes. Mas estamos unidos, pensando nos próximos passos”. Isto porque, se a entrega for concretizada pelo governo estadual de Romeu Zema (Novo), os servidores serão transferidos para outras cidades ou passarão a trabalhar submetidos à gestão privada. 

Samantha Borchear, Ouvidora Municipal de Saúde de Juiz de Fora, resumiu a posição dos manifestantes: “Nós queremos a porta aberta com o servidor público com o serviço público, com equipamentos públicos, porque não tem ninguém mais compromissado com a saúde pública do que o servidor concursado”. Ela se colocou ao lado dos trabalhadores e usuários, “os segmentos mais importantes da saúde”. José Roberto da Silva, presidente do Conselho Regional de Saúde 6 (da região onde se localiza a unidade hospitalar, do bairro Filgueiras até o Parque Guarani), concorda: “defender o João Penido é defender a comunidade, porque a OS  não trará benefício para a comunidade e nem para os trabalhadores”.

O deputado Betão fala aos trabalhadores do Hospital e manifestantes

O deputado estadual Betão (PT) discursou na atividade, afirmando que essa “é uma forma de entregar um patrimônio público como este aqui, referência na cidade e na região toda, para uma empresa privada administrar”. Betão colocou seu mandato a disposição para ajudar a categoria e a população a resistir a este processo.

A vereadora Cida Oliveira (PT) tem o mesmo entendimento. “Uma OS é supostamente sem fins lucrativos, mas passaria a receber dos governos dezenas de milhões de reais por ano para administrar, de forma privada, um hospital público. Abre uma brecha gigantesca para possibilidade de corrupção!”, ela avalia. Cida convocou uma audiência pública na Câmara Municipal para o dia 15 de fevereiro para debater o tema.

“Se tem dinheiro para uma OS fazer o atendimento porta aberta, por que não tem dinheiro para a Fhemig, para o serviço público para o que já existe aqui, fazer isso?”, questiona a vereadora Laiz Perrut (PT). Tanto Cida como Laiz lembraram que o processo também ameaça os serviços já prestados, como a maternidade, a UTI e a UTI neonatal.

Cida Oliveira fala com os trabalhadores do Hospital

Robson Marques, dirigente da CUT Zona da Matal e Secretário Sindical do PT MG, explica como está sendo construído o Comitê em Defesa do HRJP: “estamos fazendo um debate junto à sociedade e junto à classe trabalhadora. Nós construímos com unidade, de forma coletiva, porque nós acreditamos na saúde pública, nos SUS, e nos servidores públicos  que constituem esse importante aparelho que serve a toda a sociedade.”

A luta vai continuar. O comitê prepara novas manifestações e um abaixo assinado, além de outras ações.

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