Petrópolis: a “taxa do príncipe” contra o povo

Se falta prevenção, sobra a solidariedade real e concreta do povo.

Em Portugal falta chuva e o país entra em extrema seca. No Brasil, chove muito e arrasa Petrópolis. E o que tem a ver Brasil, Petrópolis e Portugal?

Petrópolis é a cidade fundada pela família imperial que sobrevive até os dias de hoje as custas do povo com o laudêmio, uma taxa cobrada em todas as transações de terras na região onde ficava a fazenda Córrego Seco, que pertencia a Dom Pedro II e foi apelidada pelo povo, como a “taxa do príncipe”. A antiga fazenda é onde está situada a cidade de Petrópolis. Para administrar os dotes deixados por Dom Pedro 2° e fiscalizar o laudêmio, os herdeiros da família real contam com a CIP – Companhia Imobiliária de Petrópolis. A “taxa do príncipe”, é de 2,5% de todas as transações imobiliárias da cidade.

O laudêmio vem de um “acordo das elites” por de trás do golpe militar da “proclamação da República” em 1889, que desterrou Pedro, Isabel e o Conde d’Eu, mas encheu as burras da família imperial que ficou no Brasil. O laudêmio em Petrópolis que vai para o bolso dos herdeiros da família Orleans e Bragança, também acontece em outras cidades e em toda faixa litorânea do Brasil. A Mamata escandalosa vem de pai pra filhos, desde a “independência” do Brasil.

No caso de Petrópolis, os herdeiros da família imperial são donos das terras, e escancara a questão fundiária local e mantida nas 7 constituições brasileiras, inclusive na atual “Constituição Cidadã”, aprovada em 1988 após o fim da Ditadura Militar. E tudo começou lá atrás, quando as terras pertenciam aos povos que aqui habitavam na época do descobrimento, os índios, e foram distribuídas como capitanias hereditárias e mantidas na República que nascia.

A tamanho tragédia de Petrópolis mostrada nas TVs de todo o mundo, anuncia o maior desastre que a cidade já presenciou. Enquanto Petrópolis enterra seus mortos e procura desaparecidos nos escombros de uma cidade arrasada, os políticos trocam acusações, fazem o jogo de empurra-empurra e não assumem suas responsabilidades na catástrofe, que não foi a primeira e infelizmente não será a última.

Consternado e solidário com os terríveis acontecimento o Príncipe Imperial do Brasil, Don Bertrand de Orleans e Bragança em mensagem ao povo diz que “a família imperial tão estreitamente ligada a Petrópolis encontra-se sempre disposta a servir ao seu povo, oferecendo ainda nossas orações e solidariedade a todos que vem sofrendo. Rogo a Deus e Nosso Senhor por intercessão do Padroeiro São Pedro de Alcântara que proteja e dê alento a boa gente petropolitana nessa hora de aflição e necessidade”.

Em bom português a família imperial é solidária e vai rezar, mas vai continuar mamando nas tetas do Estado. A ausência de uma política habitacional séria para o povo trabalhador, uma política de ações que antecipe os danos em áreas de risco e o fim dos privilégios de uma elite que não larga de maneira nenhuma as tetas do Estado, vai minimizar o sofrimento do povo.

O que fazer? Esperar uma Emenda Constitucional que necessita de 3/5 dos votos de um Congresso que vive as custas do sofrimento do povo ou uma Constituinte unicameral, exclusiva, livre e Soberana, que precisa de maioria simples de votos dos constituintes?

Osvaldo Martinez D’Andrade

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