Mélenchon fala no 1º de Maio

“O 1º de Maio marca a fidelidade à história mais profunda dos nossos bisavós pela dignidade dos trabalhadores. São os caminhos percorridos na luta e na união. Não esqueçam nunca, nada foi concedido, tudo foi conquistado!

O 1º de Maio é pela diminuição do tempo de trabalho. Que significa a parte que retorna ao capital deve ser menor, e a que retorna ao trabalho deve ser maior. É isso que se discute hoje. Se obtivemos a jornada de oito horas em 1919, não é porque eles estivessem de acordo em dar, mas porque tinham medo da revolução que se espalhava pela Europa. A batalha é entre o tempo restrito e o tempo livre. Aqui está, diante de nós, uma eleição que nos permite vencer àqueles que têm a intenção de deixar-nos trabalhando até os 65 anos.

Nem um dia, nem uma hora, não lhes faremos a menor concessão. O sentido da União Popular é a liberdade dos assalariados. O seu direito é o direito à vida. Eis de que direito à vida falamos nós! Estamos no combate, não há um momento de brincadeira. Vocês têm o direito a explicações sobre o ponto que estamos nas discussões que se desenvolvem. Se tomamos a decisão amadurecida de sacrificar tudo aos objetivos da luta, de passar por cima de rancores, alguns que eram fundamentados, que me seja permitido dizer, decidimos passar por cima das divisões que tinham uma razão profunda e que só pudemos superar porque vocês intervieram com seus votos para decidir para que lado vocês querem que as coisas caminhem.

“Terceiro turno”
Há um desafio concreto após a eleição (presidencial). Vocês têm quatro blocos. O primeiro é o da direita e dos liberais; o segundo é o da extrema-direita; o terceiro somos nós, o bloco popular; e o quarto são os 12 milhões de pessoas que não foram votar. Admitamos que havia metade com ‘problemas na inscrição’; restam 6 milhões. Esses 6 milhões podem decidir. Cabe a nós, em primeiro lugar, reunir de novo todas nossas forças para que se reencontrem nos votos, para que se reencontrem nas urnas com a possibilidade de vitória que se apresenta diante de nós. É o terceiro turno de qualquer forma (eleições legislativas em junho). Para que tenhamos um governo da União Popular, é necessário que elejam o deputado que se apresenta sob a etiqueta da ‘Nova União Popular’, para a qual estamos trabalhando. Sim, ela é nova porque pode se entrar na luta, ao lado da imensa força que vocês constituíram e que pertence a vocês, essa força da União Popular, com seus 22% na eleição presidencial, a massa imensa dos que podem, ao se agrupar, fazer uma maioria e conquistar a vitória.

Claro, vocês têm direito a explicações. Eu lhes dou as que posso, pois vocês são todas e todos mulheres e homens capazes de compreender que quando estamos numa discussão, há um esforço para buscar as condições do sucesso e que, às vezes, uma palavra pode causar problemas. Demos a garantia a cada um dos que vêm discutir conosco de que eles terão uma bancada na Assembleia Nacional. Demos a garantia de que todos os pontos onde há interrogações, e que buscamos desatá-los positivamente, pode-se fazer isso e o fizemos. Penso, por exemplo, na questão da União Europeia. Dissemos que nossa intenção não é, tendo um presidente como o que temos, provocar uma crise mais. Em consequência, não sairemos da UE no tempo de duração do mandato, mas dizemos claramente: a desobediência (proposta) não é em geral, não é uma postura ideológica. Eu não irei dizer ao governo alemão: ‘Olá, eis aqui os desobedientes’. Eu irei dizer: ‘Escutem, façam como queiram, mas nós, sobre tal questão, tal ponto que o povo francês decidiu aplicar em seu país, desobedeceremos se os regulamentos e os tratados europeus nos proibirem de fazer’.

“Primeiro-ministro”
Estejam certos de que fazemos tudo o que está ao nosso alcance para avançar, somos pessoas determinadas quando nos decidimos. Lutaremos porque nosso objetivo não somos nós mesmos. Não temos interesses diferentes daqueles de todo o grande povo assalariado que tenta viver dignamente de seu trabalho. Não temos interesses distintos. Essa formulação que empresto do ‘Manifesto Comunista’, proponho que cada um a faça sua. Nós não temos interesses distintos, é por isso que fazemos tudo para avançar. Não em direção ao reforço do grupo, vejam vocês que com 17 (deputados na atual Assembleia Nacional – NdE) conseguimos às vezes fazer mais confusão que outros com 200. Não é essa a questão. A questão é se, sim ou não, temos como objetivo a vitória. Não o testemunho, mas a vitória!

Em todos os lugares onde passo, onde passam os companheiros, nos dizem: ‘Ah, é logo mais o terceiro turno, vamos nos reencontrar’. A palavra de ordem foi dada. Todo mundo compreendeu, quando eu disse que é necessário que eu seja o primeiro-ministro. A perspectiva para a qual nos dirigimos é a batalha pela conquista do poder.”

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