Arthur Lira manda e desmanda

Presidente da Câmara é um obstáculo à soberania popular

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), estava bem à vontade, na última semana de julho, palestrando para empresários em São Paulo. Com enorme simpatia da plateia, explicava que o debate sobre os impostos aos ricos deveria ser feito somente depois de aprovada a “Reforma Tributária”, em 2024. Para ele, inserir agora a discussão sobre renda e patrimônio poderia “atrapalhar o ambiente” e “fazer com que o governo perca o foco”.

Lira se porta como se fosse ele o presidente da República.

Em sua fala, Lira foi além, e declarou que a próxima pauta que o governo Lula tem de enviar ao Congresso é a “Reforma Administrativa”. Percebam que ele manda e desmanda. “De todas as reformas estruturantes, [a administrativa] é a única que falta. Nós votamos a trabalhista, a previdenciária e a tributária. Agora falta a administrativa”

Vamos entender: o povo trabalhador, ao votar em Lula, votou também contra as reformas Trabalhista e Previdenciária de Temer e Bolsonaro. A democracia exige a revogação dessas reformas, nascidas do golpe de 2016. Mas dane-se a democracia e o voto popular: para Lira, é ele quem decide.

Não é à toa que declarou, em evento recente no exterior: “O Brasil é um país de sistema presidencialista no qual quem manda é o Parlamento”. E quem manda no Parlamento é ele.

O que vemos é o oposto de um regime democrático: Lira age, dia após dia, para anular a enorme vitória popular obtida em 28 de outubro de 2022 ao elegermos o presidente Lula. Isso graças às atuais instituições reacionárias, graças aos bilhões despejados nas “emendas dos parlamentares”, que permitem alimentar os currais eleitorais e perpetuar o coronelismo que aprisiona a soberania do povo brasileiro. Onde isso vai dar?

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