Chile: “foi só uma pausa!”

Chilenos retomam a luta pela Previdência Pública Solidária

Depois do “estallido” social em 2019, com a pandemia, praticamente as mobilizações no Chile desapareceram. O que foi reforçado no referendo de 2022 que rechaçou o projeto de Constituição, na qual o povo não se reconhecia, apresentado por uma Assembleia Constituinte que não era soberana.

Mas, neste último dia 23 as ruas voltaram a ser tomadas, em Santiago e várias regiões, na Marcha da campanha NO+AFP (não mais às administradoras dos fundos privados de pensão) convocada por sua Coordenação Nacional.

Apesar da chuva na véspera e da fria manhã do domingo, as expectativas de participação na marcha foram superadas, com a participação de diferentes setores, organizações sindicais e movimentos.

Era generalizado, entre os manifestantes a alegria de voltar a mobilizar-se e a opinião que esta marcha marcava o término do refluxo, recuperando a esperança de poder frear o avanço da direita. 

A posição do governo não pode ser mais negativa. A prometida reforma do sistema de seguridade que figurava na lista da campanha presidencial de Boric, foi descartado e agora se discute nos termos que a oposição propõe.

Boric cede às pressões da direita
No encerramento da manifestação, Luis Mesina, porta voz da campanha NO+ AFP, discursou afirmando:

“O governo apresentou uma proposta de criação de um sistema misto de pensões. Ainda que a proposta fosse muito insuficiente valorizamos pois avançava para a criação de uma Previdência Pública e Solidária. Desgraçadamente o governo cedeu às pressões da direita que se empenha em manter os pilares do atual sistema. Já não se discute mais o fim das AFP como prometeu Boric, a discussão hoje não toca na estrutura fundamental da capitalização individual. Ante a chantagem da direita é preciso rechaçar esta proposta e revelar quem são os responsáveis de que por anos não se melhorem as pensões. Pactuar com eles, como apontou a ministra do Trabalho não é solução e ela sabe. Se não se avança nas mudanças e se negocia com a direita para manter o fracassado sistema de contas individuais, então será o próprio governo o responsável para pavimentar o caminho para que o próximo governo seja capturado pela direita. Apesar da intransigência de alguns poucos que desconhecem as razões do estallido há três anos, seguimos nosso compromisso de ir adiante em benefício de nossos compatriotas. No mas AFP, nem privada, nem estatal”

Correspondente

Artigos relacionados

Últimas

Mais lidas