Haiti: um apelo à solidariedade internacional

Associação do Caribe divulga chamado ao movimento operário e democrático

A Associação dos Trabalhadores e dos Povos do Caribe (ATPC) divulgou em Guadalupe, no dia 17 de setembro, um apelo à solidariedade com o povo do Haiti. Dirigido ao “movimento operário e democrático do Caribe, das Américas e do mundo inteiro”, o texto propõe a organização da solidariedade política e financeira diante da situação de caos e violência vivida pelos haitianos.

O apelo descreve:
“Há meses, talvez anos, os trabalhadores e o povo do Haiti vivem uma situação catastrófica. Longe de melhorar, ela piora; a insegurança se amplia, a população está aterrorizada: estupros, assassinatos, extorsões, sequestros, miséria e pobreza etc. O governo e os governos ditos ‘amigos do Haiti’ parecem se acomodar a essa tragédia. Essa catástrofe é a consequência da política criminosa imposta aos trabalhadores e ao povo do Haiti pelo imperialismo e pelos governos do Core Group, com os governos fantoches a seu serviço”.

O Core Group é composto por instituições internacionais e governos: ONU, OEA, União Europeia, Brasil, Canadá, França, Alemanha, Espanha e EUA. Organizações sindicais e populares haitianas defendem uma solução para o seu país sem a ingerência externa, seja desse grupo, seja do Escritório Integrado da ONU no Haiti (Binuh). Propõem ainda um governo de transição que organize eleições democráticas no mais breve prazo.

Gangues armadas aterrorizam o povo
Em entrevista ao boletim “Travayè é Peyizan”, o coordenador geral da Central Nacional dos Operários Haitianos (CNOHA), Dominique Saint-Eloi, descreveu a situação difícil enfrentada pela população, e os riscos que sofrem os dirigentes sindicais e militantes, em razão do crescimento das gangues armadas no país: “No último ano, enquanto a situação de segurança se deteriorou diariamente, precisei também tomar cuidado com os caminhos que faço para ir às atividades. (…) Os deslocamentos são muito perigosos. As autoridades perderam o controle sobre diversas rotas”.

Nesse cenário, os sindicalistas buscam organizar a luta por reivindicações. “Há tentativas de negociação com o governo. Mas a frustração e a raiva continuam a dominar entre os trabalhadores e as trabalhadoras, em razão de um salário de miséria, uma situação de segurança insustentável e de desprezo do Estado”.

A repressão está presente, relata Saint-Eloi: “A polícia, que a comunidade internacional pretende reforçar, fica ausente quando se trata de confrontar as gangues armadas que assolam o país, mas parece muito mais ativa e ‘eficaz’ para reprimir a contestação social”.

O sindicalista fala também da ligação entre as gangues a politica de submissão ao imperialismo: “O cerco de Porto Príncipe [capital] pelas gangues é sistemático, a cada dia elas ganham novos territórios diante das forças da polícia, que são obrigadas a abandonar suas delegacias. As organizações criminosas controlam a totalidade da região metropolitana e todos os corredores de acesso a Porto Príncipe. Os massacres nos bairros populares tornam-se cada vez mais letais. (…) Infelizmente, as políticas públicas priorizadas pelo poder apoiado pelo Core Group neste momento se resumem a fornecer documentos de identidade para favorecer a ida de haitianos ao exterior (…).


Mensagens e atos
A ATPC propõe o envio de mensagens de protesto para:
▪ Governo do Haiti, em nome de Aryel Henri
communication@primature.gouv.ht
▪ ONU, em nome do secretário-geral, António Guterres:
sgcentral@un.org
▪ Com cópias para a ATPC:
atpc-caraibe@orange.fr
Propõe também a realização de manifestações nas embaixadas ou consulados dos EUA, da França e do Canadá em cada país.

Artigos relacionados

Últimas

Mais lidas