O Golpe e a política do golpismo

Abandonar a conciliação e organizar a resistência à ofensiva imperialista.

O papagaio-mor do capital financeiro internacional, Fernando Henrique Cardoso, alertou a turma: “Não nos iludamos: estamos atravessando uma pinguela, a ponte é frágil. O que de melhor temos a fazer é fortalecer a pinguela, caso contrário caímos na água (!); e quem sabe, fortalecida, a pinguela se transforme mesmo em ponte para o futuro” (jornal O Estado de São Paulo, em 7/8/16), referindo ao programa do golpe.

O dado concreto é que para “transformar a pinguela em ponte”, os golpistas terão que enfrentar a força ainda não testada da classe trabalhadora que, sofrendo um revés com o golpe, pode ainda servir-se de suas organizações para derrotá-lo, derrotando a política do golpismo, mesmo o golpe sendo votado e “aprovado” pelo Senado.

Aí reside o nó da questão.

A classe trabalhadora e a maioria do povo precisam ter a inequívoca disposição de suas organizações de defende-los, defendendo suas conquistas.

Para isso é preciso buscar outro caminho, diferente da conciliação por 13 anos com interesses de classes, afinal, irreconciliáveis. O ápice foi o programa de ajuste fiscal aplicado em 2015 e 2016, que pavimentou a via em que o golpe prosperou.

Mas ilude-se, e ilude os que querem resistir, quem não quer abandonar a conciliação, seja agora nas eleições municipais, apresentando programas de privatização e parceria ou mantendo alianças com partidos inimigos do povo, seja buscando reacomodar-se no regime golpista.

Romper com isso é o único caminho para evitar o desastre, ainda não consumado.

A jornada de luta do próximo dia 29, convocada pela Frente Brasil Popular, durante a votação no Senado, inscreve-se, naturalmente, como um elo da resistência.

Nessa via, a construção da greve geral proposta pela CUT, é a tarefa maior a ser assumida por todos. Deve crescer o trabalho sistemático de discussão na base e de construção da unidade com todos que estejam dispostos a lutar por “nenhum direito a menos”.

Para os petistas, está colocada a reconstrução do PT, o qual deve “encarar a situação e se desenvolver na cabeça da resistência popular à dominação imperialista e às oligarquias subordinadas”, como diz o Manifesto do Diálogo e Ação Petista.

O golpe do impeachment sem crime de responsabilidade, como era de esperar, nas atuais condições, avança e não será surpresa se prevalecer no Senado. Pela simples razão de que foi urdido nas entranhas das instituições apodrecidas e ligadas aos interesses da ordem que subjuga a nação ao interesse do imperialismo.

Essas instituições não foram realmente tocadas nos 13 anos de conciliação. E hoje estão decididas a ir até o fim, a usar tudo que for preciso – votações compradas, “operações judiciais” fraudulentas, como a Lava Jato e, inclusive, repressão. Nenhuma dúvida sobre isso.

Mas, mesmo amplamente majoritários no Congresso, protegidos por promotores, juízes e policia, incensados pela mídia, terão os golpistas a força para derrotar os trabalhadores e entregar o prometido aos seus patrões? A Previdência, os direitos trabalhistas, os serviços públicos e as riquezas nacionais, não apenas o petróleo, mas também o minério e as terras ao capital especulativo internacional? Terão a força para reduzir o Brasil a uma grande base de operação imperialista contra alguns governos vizinhos, como tentam agora com a Venezuela?

Esta história ainda não está escrita.

Ampliar e aprofundar a resistência construindo a greve geral e reconstruir o PT, como um partido dos trabalhadores, esse é o caminho para detonar a “pinguela golpista”.

Fora Temer, nenhum direito a menos!

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