Provocações na Marcha à Brasília dos 200 mil: uma discussão necessária

Tirar as lições da grande marcha a Brasília de 24 de maio

Circula nas redes sociais um artigo de Julio Turra intitulado “Defender a CUT e nossas organizações de todo o tipo de provocação”. Nele podemos ler (ver a íntegra em www.cutindependentedeluta.wordpress.com):

“Quando a marcha chegou à barreira montada pela tropa de choque da PM-DF diante do Congresso e o carro de som que a encabeçava orientava manifestantes a ocuparem o gramado de forma organizada, pequenos grupos de mascarados começaram a atacar a polícia que, após alguns minutos, despejou bombas sobre todos e todas que começavam a se concentrar.

Depois veio a cavalaria para cima dos manifestantes e começou um quebra-quebra em ministérios situados do lado oposto da Esplanada.

Com toda a certeza o governo Temer havia decidido impedir a todo o custo que a marcha concluísse com 200 mil pessoas concentradas diante do Congresso Nacional. Isso se constata não só pela presença de infiltrados das forças de repressão (os “P2”), que agiam diretamente ou incitando jovens “black blocs” a enfrentarem a tropa, mas também pela decisão do ministro da Defesa, Raul Jungman, de aplicar a lei de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e pedir a presença do Exército para “controlar a situação”.

A violência desmedida da repressão ocorreu quando nem sequer a metade dos manifestantes havia entrado na Esplanada.
A lição que fica é organizar nossa autodefesa

As provocações estão sempre a serviço da repressão, venham de onde vierem. O que parece ser evidente no caso de agentes policiais infiltrados, infelizmente não é no caso de pequenos grupos de jovens que, diante da falta de futuro que lhes oferece o sistema apodrecido do capitalismo em todo o mundo, se deixam seduzir pela chamada tática “black bloc”.

provocações DF marcha200k-2

O movimento operário, sindicatos e partidos da classe, deve delimitar-se claramente dessa famigerada “tática” que tem como único e recorrente resultado atrair a repressão contra o conjunto dos manifestantes, que depois serão criminalizados, junto com suas entidades (…), para desviar o foco das legítimas bandeiras e reivindicações levantadas.

É preciso afirmar claramente que tais ações isoladas jamais podem substituir a força coletiva organizada com um comando firme e claro. É preciso convencer aqueles que têm a ilusão de que os “black blocs” não são um problema, ou que, mesmo que com métodos errados, eles “combatem do nosso lado”, de que essa é uma falsa e ingênua visão que não tem nada a ver com a ação direta das massas.

A lição que fica é que não podemos permitir que em nossas manifestações circulem tais “mascarados”. Mas, para tanto, é preciso organizar um serviço próprio de segurança da CUT, fazendo o mesmo em nossos sindicatos, que seja disciplinado e orientado politicamente, como instrumento de defesa de nosso direito de manifestação, que isole os provocadores de todo o tipo e defenda o conjunto dos manifestantes da violência policial.

É o que aprendemos nos piquetes de greve, nos enfrentamentos com a violência patronal e policial, e que não podemos “terceirizar” ou delegar a quem quer que seja.”

Artigo publicado originalmente na edição nº 808 do Jornal O Trabalho

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