Por dentro do congresso do Partido Trabalhista britânico

“Labour” se inclina para a esquerda e é favorito em eleições no Reino Unido

O congresso do Partido Trabalhista (Labour Party) – o mais antigo partido socialdemocrata do mundo, ligado desde a origem aos sindicatos britânicos – registrou muitas novidades. A começar pelo número de 1.200 delegados, o maior em 30 anos, dos quais cerca de mil participavam pela primeira vez, pois entraram no partido por causa da mudança na sua direção com a liderança de Jeremy Corbyn.

O atual favoritismo do Labour para novas eleições diante da crise do governo de Thereza May do Partido Conservador, desmente o discurso de “direitização” do povo feito por dirigentes da “esquerda oficial”, para ocultar sua responsabilidade por desastres eleitorais como os do Partido Socialista (PS) na França ou do Partido Social Democrata (SPD) na Alemanha.

A derrota da cúpula dos conservadores e do setor de direita do Labour no referendo de saída da União Europeia, o chamado “Brexit”, agudizou a crise política e econômica no Reino Unido. Foi sob esse pano de fundo que se deu o congresso trabalhista, entre 24 e 27 de setembro.

O que pensa a base trabalhista?
Ouvidos durante o congresso, dois delegados do comitê de Brent, membros da ala esquerda do partido e apoiadores de Jeremy Corbyn, Emma Taite e Graham Durham afirmaram que pela primeira vez em 25 anos a maioria dos delegados era de sensibilidade “socialista”.

O que se confirmou no voto sobre as moções que seriam discutidas: aquela apresentada pela ala direita do Labour, que se opunha à saída da União Europeia (o “Brexit”), defendia o mercado comum e a união aduaneira, não obteve votos suficientes para ser discutida. A adotada foi uma declaração do Comitê executivo do partido em favor de um acordo de livre-comércio com a UE, depois do “Brexit”.

Segundo Durham, o principal desafio do congresso seria o de “apoiar a ação dos sindicatos contra o congelamento de salários no setor público”, lembrando o “caráter único de nosso partido de representar quase todos os sindicatos”, além de “manter a pressão para forçar a demissão de May (a 1ª ministra), o quanto antes melhor”.

Já para Emma Taite, “um dos pontos essenciais é combater os efeitos da austeridade, é daí que vem a força dos sindicatos e do Labour Party. As pessoas veem que isso é injusto, provoca sofrimento, o que é difícil para os conservadores e a direita negarem após sete anos de bloqueio dos salários”, coincidindo com Durham que os conservadores não podem seguir no governo, ainda mais com as pesquisas colocando os trabalhistas quatro pontos na sua frente.

Mudanças no partido
O congresso, sob a pressão da ala esquerda de Jeremy Corbyn e John McDonnell, que afirmaram claramente que apoiavam as ações sindicais contra o congelamento de salários no setor público, adotou mudanças nas regras de composição das instâncias partidárias.

O comité executivo nacional, teve mudanças que reduzem o peso dos deputados e da direção. Também foi adotada a diminuição de 15% dos deputados para 10%, para a apresentação de candidatos à direção do partido no congresso.

Correspondente do “Labour News”

Artigos relacionados

Últimas

Mais lidas