Em 30 de março os palestinos dos territórios ocupados por Israel, dos campos de refugiados no Líbano, nas comunidades espalhadas pelo mundo e na Faixa de Gaza e Cisjordânia, fazem manifestações pelo seu Dia da Terra.
Essa data relembra o ocorrido em 30 de março de 1976, quando houve uma greve geral dos palestinos em cidades dentro das fronteiras de Israel contra o anúncio do governo sionista de expropriação de áreas na Galileia e outras regiões “por razões de segurança e para construir assentamentos de colônias judaicas”. O exército israelense reprimiu violentamente as manifestações e seis palestinos foram mortos na ocasião.
Neste ano, o Dia da Terra ganha contornos especiais, dado o anúncio feito por Donald Trump, durante visita de Benjamin Netanyahu aos Estados Unidos, de reconhecimento da soberania de Israel sobre as colinas de Golã – território sírio ocupado desde a guerra de 1973 – numa verdadeira provocação e para demonstrar apoio à reeleição do atual primeiro ministro de Israel, envolvido em escândalos de corrupção, nas eleições previstas para 9 de abril.
Netanyahu teve que voltar apressadamente para Israel, pois em 25 de março uma casa na periferia de Tel Aviv foi atingida por dois mísseis lançados desde a Faixa de Gaza (território palestino governado pelo Hamas). Uma grande operação militar israelense foi montada, com duas divisões blindadas bloqueando Gaza, que foi bombardeada na noite de 25 para 26 de março.
Horizonte de guerras
A política de Israel só oferece a perspectiva permanente de novas guerras no horizonte. E ela é apoiada por Trump, seguido por seu admirador Bolsonaro, inclusive nas declarações de que Jerusalém seria a “capital eterna” do Estado sionista.
Agora, ao reconhecer via Twitter que Golã é território de Israel, Trump joga mais lenha no fogo. Sim, pois a restituição à Síria das colinas de Golã foi sempre evocada em todos os “planos de paz” para a região nos últimos 40 anos.
É verdade que tais “planos de paz” só agravaram as condições de vida do povo palestino e aumentaram a política de colonização israelense, mas o anúncio de Trump corresponde a uma reorientação da política dos EUA na região: reforçar a ajuda militar a Israel para tutelar as populações palestinas dos territórios ocupados desde 1967 e nos campos de refugiados exigir dos governos árabes, como as monarquias do Golfo, e da União Europeia que tomem em mãos o controle dos palestinos.
Nesse quadro, o reforço do controle militar de Israel sobre Golã visa diretamente a Síria, mas também o Líbano, além de responder à presença do Irã na Síria.
Mesmo sendo evidente a preferência de Trump por Netanyahu nas eleições israelenses de abril, o seu governo sabe que qualquer que seja o novo primeiro-ministro de Israel ele vai continuar com a mesma política e defender os interesses do imperialismo estadunidense no Oriente Médio, o que passa, em primeiro lugar, pela negativa ao direito do povo palestino – e de todos os povos da região – de constituir o seu própria estado nacional e soberano, sobre a base do território histórico da Palestina.
É essa política do imperialismo e do Estado de Israel que mais uma vez será denunciada e combatida no Dia da Terra de 30 de março. Todo apoio à luta do povo palestino!
Lauro Fagundes