Em três meses o governo Obrador tomou medidas de ruptura com a política de décadas passadas, seguida pelos governos do PRI (Partido Revolucionário Institucional) e do PAN (Partido da Ação Nacional). Obrador levará adiante a reconstrução de duas das mais importantes empresas públicas do país, PEMEX (estatal petroleira) e CFE (Comissão Federal de Eletricidade). Tornou pública uma gigantesca rede de corrupção e roubo de gasolina e energia elétrica cuja responsabilidade principal está nos altos escalões dessas empresas.
Obrador também enviou uma lei de reforma da educação que revoga a lei da OCDE-Peña Nieto a qual nega o direito a estabilidade no emprego através de um sistema de avaliação-demissão e acaba com o Instituto Nacional de Avaliação Educativa, encarregado da avaliação.
Ao contrário de Peña Neto, um dos patrocinadores do Grupo de Lima, o governo Obrador defende a soberania da Venezuela e reconhece a legitimidade do governo Maduro.
Ao mesmo tempo, Obrador tem fixado limites a essa ruptura. Declara que não nacionalizará nenhuma empresa. Se nega a combater as altas taxas dos bancos. Considera positivo o TMEC, novo tratado de “livre” comércio com os EUA e Canadá, que aumentará a pilhagem do país.
Trabalhadores se mobilizam
No entanto, a luta de classes está presente. Obrador ao decretar um aumento de 100% do salário-mínimo na zona fronteiriça com os EUA, acelerou, sem querer, uma explosão de greves. Em 96 fábricas maquiladoras da cidade de Matamoros (próxima da fronteira com os EUA), os operários de maneira espontânea entraram em greve e fecharam as fábricas. Os patrões se negaram a dar aumento salarial afirmando que os 100% de aumento decretado por Obrador era somente para os salários-mínimos. Constitui-se um movimento chamado 20-32 (20% de aumento salarial e 32 mil pesos (1600 dólares) de abono de fim de ano (correspondente ao 13° salário no Brasil), que se estendeu a outras empresas. Em mais de 40 fábricas maquiladoras, os operários arrancaram dos patrões as reivindicações. Os trabalhadores constituíram um sindicato independente. Ao mesmo tempo, os sindicatos universitários foram a greve contra a política de “limite salarial” que existe desde o governo de Peña Nieto.
Qualquer que seja o resultado imediato dessas lutas, o movimento das massas colocará objetivamente a necessidade de avançar na destruição das instituições antidemocráticas do regime do PRI, por isso a necessidade de uma Assembleia Nacional Constituinte. Obrador expressou em 5 de fevereiro que toda a transformação demanda a realização de uma Constituinte, porém, disse ele, nas condições atuais é necessário esperar 6 anos (final do seu mandato) para convocá-la!
Luis Vasquez