Em 9 de agosto, em assembleia geral convocada pelo Sintep-MT (filiado à CUT) em Cuiabá, os trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso votaram pela suspensão de sua greve no dia 14 de agosto.
Iniciada em 27 de maio, foi a maior greve da Educação que o estado já viu. A assembleia decidiu pela sua suspensão depois da luta ter assegurado reforma nas escolas, chamamento de concursados e a não revogação da lei 510 (de equiparação salarial com os demais servidores estaduais).
Ao longo dos 79 dias de greve – pelo cumprimento da lei 510/2013 no artigo que determina percentuais de aumento salarial, reformas nas unidades escolares e convocação de Concurso Público – o governo de Mauro Mendes (DEM) atacou o movimento com corte de ponto desde o primeiro dia e ameaças de demissão por “abandono do emprego”.
O governo alegou não ter recursos para pagar os percentuais definidos na lei dadas as renúncias e isenções fiscais que beneficiam o agronegócio em Mato Grosso, que podem ultrapassar o valor de 5 bilhões de reais neste ano, segundo projeto aprovado na Assembleia Legislativa em julho.
O governador, ligado aos latifundiários, contou ainda com a ajuda do Ministério Público que sugeriu revogar a lei 510, com a do Tribunal de Contas que disse não haver recursos, além de se apoiar no seu próprio decreto de “calamidade pública” para recusar-se a negociar com os grevistas e seu sindicato.
Como se tudo isso não bastasse, em 30 de julho a desembargadora Maria Erotides, atendendo ao governo, declarou a greve ilegal e abusiva, aplicando multa diária de 150 mil reais ao Sintep.
Contra todos os poderes
Enfrentando todos os poderes políticos e econômicos do estado, os trabalhadores da Educação protagonizaram uma greve histórica e heroica. Cada ação de intimidação do governo ou da justiça foi respondida com atos públicos, bloqueio de órgãos públicos, passeatas, pedágios em rodovias para arrecadar para o fundo de greve até a ocupação da Assembleia Legislativa.
A greve foi mais forte em Cuiabá – onde o percentual de paralisação se manteve em 90% – e maiores cidades do estado. Na subsede da capital, o agrupamento “Sintep é prá lutar” destacou-se na direção do movimento, visitando as escolas e ajudando na coesão da categoria.
Os trabalhadores suspenderam a greve de cabeça alta, tendo enfrentado o governo estadual, a Assembleia Legislativa, o poder judiciário, o agronegócio e toda a grande mídia local. A luta continua!
Robinson Ciréia