Mas nada justifica vetos a centrais ou partidos políticos
Após os áudios vazados de Joesley Batista (JBS) com Michel Temer no Palácio do Jaburu, a luta por “Diretas Já!” ganhou o reforço de artistas que realizaram shows com atos políticos em várias capitais.
O primeiro deles ocorreu no Rio de Janeiro em 28 de maio na orla de Copacabana. Milhares de manifestantes faziam coro de “Fora Temer, Diretas Já” a cada apresentação.
Com a participação de entidades participantes das frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, o ato contou com participação de parlamentares, com alguns falando como personalidades e não em nome de seus partidos. Houve certa tensão com o pedido feito desde o carro de som para que fossem retiradas as bandeiras e balões da CUT, cujo presidente, Vagner Freitas, falou pela Frente Brasil Popular. Mas eles continuaram na manifestação até o início da apresentação de Caetano Veloso.
Em São Paulo, matérias veiculadas pela imprensa diziam que não haveria participação de “partidos e sindicatos” no showmício de 4 de junho no Largo da Batata. Após muita discussão, os organizadores vieram a público dizer “que todos seriam bem-vindos”.
Houve falas das duas frentes, com o presidente da CUT-SP, Douglas Izzo, falando pela Povo sem Medo, bandeiras da CUT, PT e outros partidos e movimentos, mas não foi dada a palavra a parlamentares ou dirigentes partidários.
Já no domingo, 11 de junho, em Salvador, mais de 100 mil pessoas estiveram no Farol da Barra em ato organizado pela Frente Brasil Popular com vários artistas animando os manifestantes. Houve intervenções de partidos, centrais sindicais, entidades estudantis, MST, OAB, dentre outros. Também ocorreram atos em Porto Alegre e Recife.
Todos juntos na luta!
Sem dúvida, a vinda dos artistas populares para a luta pelo Fora Temer e Diretas já é muito importante, pois atrai novos setores e mobiliza uma parcela da opinião pública.
Mas, é preciso compreender que essa luta é de todos e não deve ser monopolizada por ninguém, inclusive por aqueles que se dizem “sem partido”, às vezes para esconder suas próprias posições políticas.
Se os eixos de uma manifestação política, ainda que com componente artístico, são comuns – como era o caso dos atos citados – não deve haver lugar a vetos, venham de onde vierem.
É importante ressaltar que nos atos já realizados inclusive os artistas fizeram o vínculo entre a defesa dos direitos trabalhistas e previdenciários atacados pelo governo golpista e ligaram o “Fora Temer com as “Diretas Já”. Em São Paulo também o chamado à greve geral no final de junho encontrou lugar.
A hora é a da mais ampla unidade para derrubar as “reformas” dos golpistas e com elas o governo Temer, ou qualquer outro que o substitua por via indireta para prosseguir nos ataques à nação e à classe trabalhadora.
João B. Gomes
Artigo originalmente publicado na edição nº 808 do Jornal O Trabalho