Bolsonaro e golpistas na cadeia

Bolsonaro tornado inelegível pelo TSE por 8 anos, foi muito comemorado, mas convenhamos, não resolve. 

A condenação veio por aquela reunião com embaixadores no dia 18 de julho de 2022 para atacar o sistema eleitoral. Um dos inúmeros episódios de golpismo do ex presidente. Neste caso, dois meses antes da eleição. Então, por que não condená-lo antes? 

A decisão, após as eleições, revela uma disputa entre o bonapartismo do Judiciário e a tutela militar. 

O genocida ainda enfrentará outros 15 processos no TSE que podem reforçar sua condição de inelegível. 

Mas Bolsonaro será processado criminalmente, condenado e preso pelos inúmeros crimes que cometeu contra o povo brasileiro, a democracia e povos indígenas em particular? E quanto aos generais golpistas, os oficiais, os financiadores?

Até aqui, o STF fez alguns julgamentos e iniciou outros processos, mas com um melindre com as Forças Armadas inversamente proporcional à sanha do mesmo tribunal para atacar direitos de trabalhadores.

Inclusive, no mesmo processo em que Bolsonaro foi tornado inelegível, o segundo investigado, o General Braga Netto, já então definido como candidato a vice, presente na reunião com embaixadores, foi absolvido. 

Trata-se, afinal, do mesmo poder judiciário que atendendo ao famoso tuíte do General Villas Boas, permitiu prender Lula e impediu sua candidatura num processo que, todos sabiam, era viciado e fraudulento. Neste caso, aliás, tudo ocorreu antes – e não depois – das eleições de 2018.

Sem anistia!
A revelação dos áudios do Coronel Cid mostrou que a conspiração golpista envolvia dezenas, senão centenas de oficiais, mas até aqui, muitos não foram sequer indiciados e nem mesmo afastados das suas atividades. 

O Coronel Jean Lawand Junior, que implorava em áudios para que Bolsonaro desse o golpe, foi impedido de assumir uma representação em Washington (também, pudera!), mas não foi exonerado do Exército. Segue num alto cargo, enquanto investigações caminham a passos lentos.

Lula, é bem verdade, tem repetido que todos os golpistas serão investigados e punidos. Seu ministro da Defesa, no entanto, parece trabalhar em sentido oposto.  

O problema é que no país em que nenhum militar foi realmente punido após 21 anos de ditadura, perseguições, tortura e assassinatos e em que figuras como Erasmo Dias continuam a ser homenageadas em atos de escárnio contra a memória do povo brasileiro, há um sério risco de que tudo acabe em mais um acordo “por cima”.

Se depender do STF, talvez – apenas talvez – alguns militares, “bois de piranha”, sejam punidos pelo golpismo escancarado. Um ou outro sem poder se candidatar, mas dificilmente o golpismo que emana das forças armadas e sustenta o resiliente bolsonarismo, será efetivamente debelado.

Só o povo pode mudar esse cenário. É preciso fazer ecoar, tão alto como dia primeiro de janeiro de 2023, o grito “Sem anistia”!

Juca Gonçalves

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