*Artigo de Misa Boito, publicado em 4 de junho
Há avalanche de atos e ameaças deste governo, apostando na crise e no caos, na pretensão de instalar-se como um governo acima de tudo e de todos. ”Tudo aponta para a crise”- como se nela já não estivéssemos – declarou Bolsonaro em 30 de maio, em relação às ações do Judiciário.
O nervosismo toma conta do governo, cada vez mais questionado por baixo, como mostram pesquisas, e, de maneira mais contundente, as manifestações que voltam às ruas. E Bolsonaro, na tentativa de salvar “o barco que está afundando”, como ele mesmo disse na tal reunião ministerial de 22 de abril, segue em frente.
Um verdadeiro esquema paralelo de informação (único no qual confia, como anunciou na reunião ministerial) está instalado no 3º andar do Palácio do Planalto, comandado pelo ex-capitão do Exército Marcelo Costa Câmara.
Seguem as investidas para controlar a Polícia Federal, depois de defenestrar sua “reserva moral”, Sérgio Moro, o imoral juiz da farsa jurídica contra Lula e que agora pede a ele os direitos negados a Lula.
Foi revelado, pelo site Metrópoles de Brasília, o esquema bem protegido do acampamento dos “300 de Brasília”, os mesmos que são saudados pelo presidente diante do Palácio do Planalto. Bolsonaro, num gesto de incentivo às hostes fascistas, denomina os que se manifestam contra seu governo de “marginais e terroristas”. Na manifestação das torcidas na Av.Paulista no o último dia 31, o bolsonarista provocador era um coronel da PM, da reserva, Américo Massaki Higuti (revelado em vídeo publicado pelos Jornalistas Livres).
Bolsonaro avança a escalada sob proteção dos militares. Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, publicou a ameaçadora “carta à nação”, prevendo “consequências imprevisíveis” se o celular do presidente fosse apreendido na investigação sobre interferência na PF. Nos últimos 15 dias, foram pelo menos 13 manifestos assinados por representantes, da reserva, das três Forças, em defesa de Bolsonaro e Augusto Heleno. O Ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, em 31 de maio, foi coadjuvante de Bolsonaro na saudação às suas hostes fascistas.
E Bolsonaro evoca o artigo 142 da Constituição Federal, para justificar a ideia de uma intervenção militar.
Há contradições nas Forças Armadas? É possível que sim. Mas de fato o que predomina é a guarita que dão à escalada, aliás por isso Bolsonaro segue em frente.
E as demais instituições?
As “robustas” instituições democráticas, Congresso e Supremo Tribunal Federal, como gostam de dizer os grandes jornais, fazem o que?.
Tão expeditas no golpe do impeachment de Dilma Rousseff em 2016, coniventes que foram com as fraudes jurídicas e ilegalidades que garantiram a eleição de Bolsonaro, agora são “cuidadosas”, na verdade coniventes. Nisto, um papel de destaque cabe ao presidente da Câmara Rodrigo Maia. Nada menos que 35 pedidos de impeachment, um deles do PT com outros partidos e entidades, repousam na gaveta de Maia, guardadinhos, enquanto abundam os motivos para examiná-los. Maia explica: “A gente não pode colocar mais lenha na fogueira. Da mesma forma que eu acho que essas manifestações que atacam as instituições democráticas são gravíssimas, uma decisão de impeachment precisa ser muito bem avaliada para que a gente não gere mais conflitos e mais crise política no Brasil”. E deixa o caminho livre para que Bolsonaro gere mais conflito, enquanto o Congresso, segue a pauta da política de Bolsonaro/Guedes que ferra com o povo trabalhador e a nação.
Como diz o ditado, deste mato (as instituições) não sai coelho. Ainda bem que as ruas começam a ser habitadas pelo Fora Bolsonaro!
Misa Boito