Bolsonaro volta a mostrar os dentes

Desde que a Oposição e o PT saíram da cena atrás das candidaturas das mesas da Câmara e do Senado com as duas alas do seu governo, Bolsonaro está com a corda toda.

Dia 15 de dezembro de manhã, fez comício na Ceagesp, companhia federal de armazéns em SP, onde disse que “nenhum rato vai privatizar isso daqui em benefício de seus amigos” (mas foi um decreto seu em acordo com Dória um ano antes que pôs a empresa na lista das privatizações). Ele nomeou o coronel Mello Araújo, ex-comandante da Rota, a “elite” da PM de Dória, para presidir a Ceagesp. O coronel “pediu aos trabalhadores que fossem à cerimônia vestindo as cores da bandeira”. Um deles “foi expulso sob ameaças de agressão ao gritar ‘gado’” (OESP 16/12). No discurso, Bolsonaro jurou “lealdade absoluta ao povo”. Tudo arranjado.

À noite foi à casa de Paulo Skaff, presidente da FIESP, jantar com os privatizadores: os manda-chuvas da Cosan (infraestrutura), Bradesco, Santander, Riachuelo e outros. “Falou-se de reformas” (Valor 17/12), “um jantar de confraternização entre amigos”.

Na véspera do Natal em Santa Catarina, discursando à PM, Bolsonaro subiu o tom: “Se a gente não tiver voto impresso em 2022, pode esquecer a eleição” (OESP 23/12). Note o leitor que foi duas semanas antes do putsch no Capitólio, em Washington, quando retomou a ameaça.

No dia 1º do ano, ele encenou uma coreografia na Praia Grande, pulando n’água sem máscara, mas com vários seguranças, em direção aos banhistas aglomerados, infiltrados por uma turba chegada para gritar com ele “Dória, vai tomar no cu!” (as praias paulistas estariam interditadas!?). “Espontâneo”.

Onde está a Oposição que não reage?
Ocupada. Articulando Baleia (MDB), homem de Maia (DEM) na Câmara, e Pacheco (PSD), homem de Alcolumbre (DEM) no Senado.

E antes? Em abril, ela votou o “orçamento de guerra” que deu recursos extras para Maia-Alcolumbre elegerem a turma do “centrão” em outubro. De vez em quando, soltava um impeachment, “grito parado no ar” por Maia. Os sindicalistas e as frentes também, mas estavam no “fique em casa” achando que era “cientifico”, contra Bolsonaro.

Depois, todos entraram na dança-da-chuva da Vacina-Já, achando que era “tático”, mas esquecendo dos sete milhões de testes de Bolsonaro que apodrecem. Os governadores, cada um com sua vacina, nem ligam.

Bolsonaro recebe a colaboração parlamentar e o acompanhamento sindical, e age.

Ninguém toma iniciativa concreta por medidas de emergência para o povo que sofre.

Somos por uma vacina e pelo fim do governo Bolsonaro. Mas não precisa ser marxista para ver que, sem iniciativa da oposição, o seu bonapartismo avança.

Oposição já!

Markus Sokol

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