Brasil não deve voltar a intervir no Haiti

Cometer o mesmo erro seria grave ataque a soberania do povo haitiano

Frente às recentes notícias de uma eventual volta do Brasil ao Haiti, divulgada pela BBC O Globo, em 28 de Agosto passado, Valdecy Urquiza, diretor de Cooperação Internacional da Polícia Federal (PF), declarou: “há, de fato, o comprometimento do governo brasileiro como um todo em apoiar a capacitação das forças de segurança do Haiti. É uma iniciativa que vem sendo coordenada pelo Ministério de Relações Exteriores em conjunto com a Agência Brasileira de Cooperação e com a Polícia Federal (PF)”.

E quem a PF treinaria? A corrupta Polícia Nacional Hatiana? E, numa segunda etapa, seriam enviadas as polícias militares do Brasil, não se sabe ainda se para um policiamento ostensivo ou se apenas para portos e aeroportos.

“Os abusos cometidos pelas polícias brasileiras são um dos problemas mais urgentes e crônicos de direitos humanos no país, que afeta desproporcionalmente a população negra”, disse à BBC News Brasil César Muñoz, diretor adjunto para as Américas da ONG Human Rights Watch, que monitora a situação haitiana.

Mas a pressão da ONU segue: o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, exortou os membros do Conselho de Segurança a enviar “uma força policial multinacional especializada e capaz, habilitada por meios militares, coordenada com a polícia nacional (haitiana)”. O Quênia já se prontificou a liderar essa força. No entanto, como na última ocupação, o financiamento e o monitoramento ficariam com o governo estadunidense, pois, segundo um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, “estamos envolvendo o Congresso, enquanto trabalhamos para garantir recursos para apoiar uma Força Multinacional (policial) no Haiti e com a comunidade internacional para fornecer financiamento, equipamento, treinamento e pessoal”.

O Brasil ainda paga caro pela intervenção militar no Haiti. Os generais que dirigiram as forças de ocupação, entre eles Augusto Heleno, Santos Cruz, Floriano, Rêgo Barros, foram direto para o governo Bolsonaro, isso para não citar o governador de SP, Tarcísio, quem também esteve presente.

A ocupação deixou um rastro de destruição e mortes, por isso o governo Lula não deve voltar ao Haiti.

Barbara Corrales

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