Cala a boca já morreu

O festival Lollapalooza, que é um dos maiores do país, aconteceu no último fim de semana de março em São Paulo, e foi quente nas manifestações contra o governo criminoso de Bolsonaro. Muitos dos gritos que ouvimos nas ruas no ano passado foram entoados por artistas e plateias durante os shows. Após Pablo Vittar protestar contra o governo e registrar seu apoio a Lula, a podre justiça brasileira, na figura do ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Raul Araújo – acatando o pedido do partido de Bolsonaro, o PL (Partido Liberal) – tentou proibir os artistas de se manifestarem, alegando campanha antecipada e impondo uma multa de 50 mil reais ao festival para cada ação política em palco. A atitude, além de autoritária, é hipócrita, pois o mesmo ministro decidiu manter outdoors de promoção do presidente no Mato Grosso do Sul. Dois pesos e duas medidas. Nada novo no judiciário que bem conhecemos.

Deu errado pro censor
Mas os artistas não se calaram. Pelo contrário, as manifestações cresceram. De Duda Beat e Mano Brown à banda Fresno e Lulu Santos, todos deixaram seu recado contra a censura e contra o governo. O rapper Djonga entrou em cena dizendo que protestaria 22 vezes contra Bolsonaro em homenagem a 2022. A cantora Anitta afrontou dizendo que assumiria as multas. A banda Fresno usou o telão do show com a frase Fora Bolsonaro e Lulu Santos arredondou: “cala a boca já morreu”, dizendo que não voltaremos ao obscurantismo da ditadura, onde artistas foram mortos e perseguidos.

O ministro Facchin, do STF, tentou remendar a situação falando que pautaria o assunto em plenário, pois se tratou de uma decisão monocrática. Na sequência o próprio Raul Araújo retirou sua decisão a pedido do partido do presidente, ao constatar que “não se tratava de um patrocínio do festival às manifestações políticas, e sim liberdade de expressão dos artistas”.

Conversa pra boi dormir! Eles viram que a repercussão ficou ruim para o lado deles, que milhares de jovens aderiram na plateia e na internet às manifestações, e tiveram que recuar!

Foi mais uma desse judiciário antidemocrático que tirou Lula em 2018 para eleger Bolsonaro, e que agora atua, assim como o Congresso, para mantê-lo lá até outubro enquanto o país afunda no caos. É pelo autoritarismo, pela carestia e violência, pelo desemprego, que uma massa de jovens está revoltada com a situação. Para além de tirar Bolsonaro o quanto antes, também é necessário rever essas instituições urgentes, numa reforma radical do Estado. O Lollapalooza mostrou que 2022 vai ser quente.

Katrina

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