Centrais sindicais reúnem-se com Arthur Lira!

As centrais sindicais, diante dos ataques que sofre a classe trabalhadora, deveriam ter como eixo ajudar os sindicatos a organizar a luta a partir dos locais de trabalho para barrar as demissões, defender os salários e direitos, rompendo, para tanto, com o paralisante “fique em casa” dado que o grosso da classe está no batente presencial.

Mas a cúpula de seis centrais, incluindo o presidente da CUT Sérgio Nobre, escolheu iniciar o ano com uma audiência em 11 de janeiro com o deputado federal Arthur Lira (PP) em Brasília, candidato de Bolsonaro a presidente da Câmara dos Deputados.

Dias antes, em 5 de janeiro, uma reunião virtual entre dirigentes da CUT, Força Sindical, CTB, UGT, Nova Central e CSB adotou um documento com cinco “eixos estratégicos para a ação sindical unitária”: “vacina já para todos”; prorrogar o auxílio emergencial de 600 reais e os recursos vindos do seguro desemprego para compensar reduções de salário e suspensão de contratos; criar mais empregos retomando obras paradas e com mais investimentos públicos e privados; ajuda solidária dos sindicatos aos mais necessitados e “fortalecimento da organização sindical e da negociação coletiva” (nome pomposo para o financiamento sindical).

Note-se que aquilo que a CUT adotou em sua direção nacional de dezembro como questões centrais e imediatas – a luta em defesa dos serviços públicos e dos servidores contra a reforma administrativa e a luta contra a privatização das estatais – não estão presentes em tais “eixos estratégicos”!

Para que servem tais “eixos”?
Foram esses cinco “eixos” que foram levados a Arthur Lira. Miguel Torres, presidente da Força, disse que eles seriam levados também a Baleia Rossi (MDB), candidato de Rodrigo Maia à sua sucessão. A reunião com Baleia, prevista para o dia 14 de janeiro, foi antecedida pela bomba da Ford encerrar sua produção no país e pelo anúncio da direção do Banco do Brasil de fechar centenas de agências. O que deveria ser um choque de realidade para esses dirigentes.

O que pretendem Sérgio Nobre, Miguel Torres e outros dirigentes ao levar tais “eixos” aos candidatos a presidir a Câmara? “Compromissos” em troca de votos que eles não têm, pois não são deputados? A impressão que fica é que vale tudo para recuperar o “financiamento” perdido com o fim do imposto sindical na reforma trabalhista de Temer. Quem piscar nesse sentido teria o seu “apoio” para presidir a Câmara?

O site da “Carta Capital” (12/01) cita o presidente da Força Sindical, afirmando que o deputado Arthur Lira não se comprometeu com nada nessa insólita reunião, mas “demonstrou abertura ao diálogo”.

Esse episódio é mais um subproduto da “unidade das centrais” (na verdade de suas cúpulas) que se resume a dirigentes fazendo “lobbies” no Congresso de maioria reacionária e empresarial.

Está mais do que na hora da CUT romper com esse tipo de “fórum permanente das centrais” e agir por uma verdadeira unidade de ação na luta concreta dos trabalhadores contra os patrões, seus deputados e o governo Bolsonaro. É a sobrevivência da CUT como central sindical independente e de luta que está em jogo.

Lauro Fagundes

Artigos relacionados

Últimas

Mais lidas