Com Instituições como essas…

No dia 25 de junho a Polícia Federal enviou ao Supremo Tribunal Federal a investigação sobre supostas fraudes em contratos de Kits de Robótica adquiridos para escolas de Alagoas com verbas do orçamento secreto.

Entre as anotações encontradas com Luciano Cavalcante, um ex assessor de Lira, havia R$ 650 mil anotados como valores pagos ao nome de “Arthur”.

No mesmo dia 25 de junho, Arthur Lira (PP), presidente da câmara federal do Brasil, completou 54 anos. E comemorou em grande estilo. No bar “Praia no Parque” em Lisboa, capital da antiga Metrópole.

Ao seu lado, “figuras distintas” como o vice presidente da Câmara, Marcos Pereira (Republicanos) e Antônio Rueda, presidente do União Brasil, além, é claro, do ministro do STF, Gilmar Mendes, que havia convidado Lira para dar uma palestra organizada pelo IDP, uma faculdade de Direito fundada pelo próprio Gilmar e dirigida por seu filho. O tema da palestra: “Estado de Direito e Defesa das Instituições”.

Esta cena relatada por diversos colunistas na grande imprensa brasileira, não poderia ser mais caricata.

Alguns dias depois, no entanto, eles voltaram ao trabalho. Gilmar suspendeu a investigação contra Arthur Lira, enquanto Arthur, aliviado, conduzia as negociações para aprovação da tão comemorada Reforma Tributária na Câmara Federal. Saiu caro ao governo Lula. Pelo menos R$7,2 bilhões em emendas parlamentares, embora o debate sobre justiça fiscal tenha ficado para dezembro.

Foram dias animados para o STF. Duas semanas antes, o próprio Gilmar liberou geral as terceirizações. Menos de uma semana depois o STF também permitiu que a jornada de 12 x 36 seja imposta por “acordos individuais”, enquanto esculhambava a lei do piso da enfermagem.

Assim, confrontados a esse Judiciário e esse Congresso, muita gente se pergunta, com razão, até onde o governo Lula pode ir para atender as demandas do povo brasileiro, para as quais foi eleito em outubro passado?

Em poucas palavras: depende da luta de classes. E ajudaria muito se nas organizações dos trabalhadores e estudantes, no PT, na CUT, na UNE e no movimento popular não prevalecer uma política de simples contentamento com o atual estado de coisas, pois nesse caso pode ser que reste aos dirigentes dessas organizações comemorar, de recuo em recuo, o “menos pior” que eventuais negociações baseadas no conchavo parlamentar podem alcançar, como se fossem extraordinárias vitórias. É claro que essa política tem um limite, ameaça frustrar uma parte do povo, pouco a pouco. E o bolsonarismo, apesar dos pesares, continua vivo.

Se por outro lado, houver uma disposição das organizações populares e do governo para chamar o povo à mobilização, de modo a garantir o cumprimento dos compromissos assumidos pelo próprio governo, então, o resultado poderá ser diferente.

Não é um caminho fácil. No processo, certamente, ficará ainda mais evidente o fosso entre os interesses do povo trabalhador e às Instituições do Brasil. Haverá choque, mas haverá lutas.

São lutas como essas que estarão em debate no Encontro Nacional do Diálogo e Ação Petista, que se realizará em São Paulo, nos dias 29 e 30 de julho. Toda força na preparação deste encontro!

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